LIÇÃO 06 – 11 de
Novembro de 2012
A qualidade de Paulo
como missionário
TEXTO AUREO
“E, servindo eles ao Senhor, e
jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a
que os tenho chamado”. At 13.2
VERDADE APLICADA
“Quando um homem aceita a Cristo e Ele
se torna de fato o seu Senhor, todos os dons, bens, talentos, e vida são
transferidos para o reino de Deus”
TEXTOS DE REFERÊNCIA
2Tm 2.2 - E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a
homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.
2Tm 2.3 - Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus
Cristo.
2Tm 2.4 - Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de
agradar àquele que o alistou para a guerra.
2Tm 2.5 - E, se alguém também milita, não é coroado se não militar
legitimamente.
Introdução:
Em lição
anterior, foi visto que a carreira espiritual de um homem que chega atingir
elevados patamares é construída com apoio de vários outros que depositaram nele
a sua confiança. Serão estatuadas aqui algumas das muitas qualidades que foram
cumuladas com a ajuda desses obreiros, resultado de esforço próprio e de uma
crescente comunhão com Cristo Jesus.
Paulo bem
sabia da sua chamada para trabalhar entre os gentios, na verdade, ele herdou o
zelo missionário dos fariseus e demais judeus que se esforçavam para trazer
para o judaísmo os pagãos.
1.1. Um obreiro preparado (At 13.1,2)
Quando o
Espírito Santo falou ao coração da Igreja e a liderança onde Barnabé e Paulo
estavam, ordenou que eles fossem separados para a obra previamente determinada
pelo conselho divino (At 13.2). Paulo já era um homem preparado por Deus para
aquele momento, assim como Barnabé. Todavia, eles continuaram aprendendo no
trabalho missionário, mesmo que já tivessem um conhecimento teórico com base na
experiência dos fariseus proselitistas, algumas experiências anteriores, etc.
Observe que ele já falava grego e latim, além do aramaico que era a língua
falada em Israel; a sua cidadania romana lhe conferia ampla mobilidade em todo
o império romano com todos os direitos assegurados a um cidadão comum de Roma,
sem contar que aprendera fazer tendas quando mais novo. Tudo isso foi muito
útil.
O falecido Henry Martyn, missionário
na índia e na Pérsia, disse certa vez: "O Espírito de Cristo é o espírito
de missões, e quanto mais nos aproximamos de Cristo, mais intensamente
missionários devemos nos tornar". Paulo (Saulo) e Barnabé tiveram essa
experiência ao ministrar em Antioquia e ao ser chamados pelo Espírito para
levar o evangelho ao mundo romano.
Até então, Jerusalém havia sido o
centro do ministério cristão, e Pedro fora o principal apóstolo. Desse ponto em
diante, Antioquia da Síria torna-se o novo centro (At 11:19), e Paulo, o novo
líder. É o evangelho em movimento!
Lucas relaciona cinco homens que
ministravam na igreja: Barnabé, sobre o qual já lemos (At
4:36, 37; 9:27; 11:22-26); Simeão, que talvez fosse da África,
uma vez que tinha o sobrenome "Níger” (ou "negro"); Lúcio de
Cirene, que talvez tenha sido um dos fundadores da igreja em Antioquia (At
11:20); Manaém, um amigo íntimo (ou talvez um irmão adotivo)
de Herodes Antipas, que havia mandado matar João Batista; e Saulo (Paulo),
o último da lista, mas que em breve seria o primeiro.
Estes homens serviam ao Senhor como
"profetas e mestres" nas igrejas locais. Os profetas ajudaram a
lançar os alicerces da Igreja ao proclamarem a Palavra de Deus (Ef 2:20; 1 Co
14:29-32). Eram mais "proclamadores" do que
"prenunciadores", apesar de, em algumas ocasiões, anunciarem coisas
vindouras (At 11:27-30). Os mestres ajudaram a fundamentar os convertidos nas
doutrinas da fé (2 Tm 2:2).
Deus já havia chamado Paulo para
ministrar aos gentios (At 9:15; 21:1 7-21) e convocou Barnabé a trabalhar com
ele. A igreja confirmou seu chamado e os enviou para o campo missionário. Faz
parte do ministério do Espírito Santo, trabalhando por meio da igreja local,
preparar e chamar cristãos para ir a outras partes e servir.
1.2. Um obreiro experiente
Ninguém
nasce experiente em alguma coisa, todos aprendem com os outros, pela observação
e pelos próprios erros. Paulo foi adquirindo experiência pouco a pouco na sua
carreira cristã, mas de forma muito substancial pelos lugares por que passou
como: nas regiões da Arábia, em Damasco, em Jerusalém, na Cilicia e agora em
Antioquia da Síria ao lado de Barnabé. Deus foi lhe preparando ao longo de sua
vida e não de uma vez, mas depois chegara a hora de ser lançado como uma flecha
polida no coração dos gentios pela Palavra de Deus. Todavia, deve-se lembrar de
que sempre haverá novas situações na obra de Deus, em que as nossas
experiências são insuficientes. Quando isso acontece, é porque Deus quer que
seja usada fé e não nossos conhecimentos anteriores. Paulo possuía uma vantagem
que jamais deve ser ignorada, a presença e a revelação divina.
1.3. Um servo submisso
Nem Barnabé,
nem Paulo fizeram qualquer questionamento sobre ir mundo afora ao longo do
Império Romano. Em verdade, Deus já vinha trabalhando desde antes, falando,
confirmando e provendo experiências para o momento devido que havia chegado ali
em Antioquia. Paulo aprendeu ouvir a voz do Senhor desde o caminho de Damasco
em diante. Com esse ouvir, ele atendia prontamente como um servo. Tanto para
trabalhar, quanto para não trabalhar (At 16.6,7); tanto para fugir de uma cidade que ficara para dar testemunho, quanto
para suportar as pressões de uma perseguição por amor aos escolhidos (At 18.9,10; 22.17,18). Aqui reside um grande segredo,
quando se aprende a atender a voz do Senhor prontamente, ele vai falando mais e
mais conosco.
At 16.6,7 – Paulo e seus companheiros viajaram pela região da Frígia e da Galácia,
tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na província da
Ásia.
Quando chegaram à fronteira da Mísia,
tentaram entrar na Bitínia, mas o Espírito de Jesus os impediu.
Depois de visitar as igrejas que
havia fundado, Paulo tentou desbravar novos territórios para o Senhor viajando
rumo ao Oriente, para a Ásia Menor, à Bitínia, mas o Senhor fechou a
porta. Não sabemos de que maneira Deus revelou sua vontade sobre essa questão,
mas podemos imaginar que Paulo ficou decepcionado e, talvez, um tanto
desanimado. Tudo corria tão bem em sua segunda viagem e essas portas fechadas
devem tê-lo pego de surpresa. Contudo, é reconfortante ver que mesmo os
apóstolos não sabiam sempre com toda clareza qual era a vontade de Deus para
seu ministério! Deus já havia planejado que a mensagem chegaria a esses lugares
em outra ocasião (At 18:19 - 19:41; ver 1 Pe 1:1).
Em sua graça soberana, Deus conduziu
Paulo ao Ocidente, em direção à Europa, não para o Oriente, em direção à Ásia.
Em Trôade, Paulo teve uma visão na qual um homem o chamou para ir à Macedônia.
"Nada fortalece mais um homem do que um pedido de socorro", escreveu
George MacDonald, e, mais que depressa, Paulo atendeu ao pedido da visão.
At 18.9,10 - Certa noite o Senhor falou a Paulo em visão: “Não tenha medo, continue
falando e não fique calado, pois estou com você, e ninguém vai lhe fazer mal ou
feri-lo, porque tenho muita gente nesta cidade”.
A conversão de Crispo, um importante
líder judeu, criou mais oportunidades e causou mais oposição do inimigo! Por
certo, a comunidade judaica em Corinto ficou furiosa com o sucesso de Paulo e
fez todo o possível para calá-lo e se livrar dele. Lucas não dá detalhes, mas
tenho a impressão de que entre Atos 18:8 e 9, a situação tornou-se
particularmente perigosa e difícil. Talvez Paulo estivesse pensando em deixar a
cidade, quando o Senhor dirigiu-se a ele e lhe deu a segurança de que
precisava.
É típico do Senhor nos falar quando
estamos mais necessitados. Ele nos diz com ternura: "Não temas!" e,
quaisquer que sejam as circunstâncias, suas palavras acalmam a tempestade em
nosso coração. Foi assim que deu segurança a Abraão (Gn 15:1), Isaque (Gn
26:24) e Jacó (Gn 46:3), bem como a Josafá (2 Cr 20:15-17), Daniel (Dn
10:12,19), Maria (Lc 1:30) e Pedro (Lc 5:10). Algumas passagens bastante
apropriadas sobre as quais meditamos quando nos sentimos sozinhos e derrotados
são Hebreus 13:5 e Isaías 41:10 e 43:1-7, e, depois de refletir sobre essas
palavras, podemos nos apropriar, pela fé, da presença de Deus. Ele está
conosco!
Um famoso pregador inglês G. Campbell
Morgan costumava ler a Bíblia todas as semanas para duas senhoras de idade. Uma
noite, quanto terminou de ler as últimas palavras de Mateus 28, Morgan disse às
duas senhoras:
- Que promessa maravilhosa!
- Meu jovem - uma delas respondeu
isso não é uma promessa, é uma certeza!
Jesus já havia aparecido a Paulo na
estrada para Damasco (At 9:1-6; 26:12-18) e também lhe apareceria no templo (At
22:17, 18). Paulo seria encorajado novamente pelo Senhor quando estivesse preso
em Jerusalém (At 23:11) e, posteriormente, em Roma (2 Tm 4:16, 17). O anjo do
Senhor também apareceria a Paulo, em meio à tempestade, para garantir a
segurança dos passageiros e da tripulação (At 27:23-25). Um dos nomes de Jesus
é "Emanuel - Deus conosco" (Mt 1:23), e ele faz jus a esse nome.
Paulo foi encorajado não apenas pela
presença do Senhor, mas também por suas promessas. Jesus garantiu a seu
apóstolo que ninguém lhe faria mal e que ele conduziria muitos pecadores ao
Salvador. A declaração: "Tenho muito povo nesta cidade" deixa implícita
a doutrina da eleição divina, pois "o Senhor conhece os que lhe
pertencem" (2 Tm 2:19). A Igreja de Deus é constituída de pessoas
"[escolhidas] nele antes da fundação do mundo" (Ef 1:4; ver também At
13:48).
Atos 22.17,18 - “Quando voltei a Jerusalém,
estando eu a orar no templo, caí em êxtase e vi o Senhor que me dizia:
‘Depressa! Saia de Jerusalém imediatamente, pois não aceitarão seu testemunho a
meu respeito’.
2. Um soldado valoroso
Quando
Barnabé e Paulo saíram de Antioquia sob as ordens do Senhor levaram como
cooperador a João Marcos, com a finalidade de ele instruir sobre os rudimentos
da fé aos novos convertidos e batizá-los, enquanto os missionários se
dedicariam mais a pregar aos ainda não convertidos.
2.1. Um servo Sofredor
Depois de
Chipre, terra natal de Barnabé, Paulo assumiu a liderança da missão.
Evidentemente, que Paulo foi sempre o que assumiu mais riscos em prol do
Evangelho, por causa do seu jeito mais ousado de falar. Em Antioquia da Psídia,
por causa da multidão que creu, Paulo foi banido da cidade (At 13.50); em
Icônio, eles fugiram a tempo para não serem apedrejados (At 14.6); em Listra,
Paulo curou a um coxo de nascença, sendo apedrejado depois pelos judeus de
Antioquia e Icônio, e jogado no lixão da cidade (At 14.19). O próprio Paulo
ensinava que, “por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus” (At
14.22). Os sofrimentos e humilhações foram incontáveis ao longo do seu
ministério apostólico entre os gentios. Por isso disse a Timóteo: “Sofre, pois,
comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo”.
2.2. Um missionário estrategista
O que traz
vitória na guerra é uma boa estratégia, e Paulo era um ótimo estrategista na
evangelização. Ele sempre priorizava os judeus, pois estavam organizados nas
cidades e tinham a sua sinagoga. Ali eles já desenvolviam um trabalho de
proselitismo ao derredor, entre os gentios, o que facilitava muito para o
trabalho de Paulo, por isso, como fariseu que era, ia aos sábados nas sinagogas
e pregava a todos os que estivessem lá.
2.3. Um líder adaptável
Paulo era
flexível em seu método de abordagem, para os judeus ele falava como sendo
judeu, ele usava a Lei, com os Profetas lhes relembrando às promessas de um
Messias sofredor, etc. Mas para com os gentios, ele falava como se fosse
gentio, de maneira que falava positivamente do Criador de todas as coisas e que
enviara seu Filho, como fez em Listra. Como ele mesmo escreveu: Fiz-me de
escravo, de judeu, de fraco, enfim, “Fiz-me tudo para todos, para por todos os
meios chegar a salvar alguns” (ICo 9.22b). Paulo, em seus dias, enfrentava uma
diversidade cultural muito grande, porém a mensagem do evangelho não é
privilégio de alguns, e sim, para todos os povos. Assim, quando abordava as
pessoas, ele procurava um ponto de contato social ou cultural que o
identificasse com seus ouvintes e eliminasse as barreiras piscológicas para
aplicar o evangelho com eficácia. Logo, fica claro, que ele não chegava impondo
a sua cultura ou desrespeitando as outras crenças, mas anunciava, com muito tato,
a salvação em Jesus Cristo.
I Coríntios 9.22 - Para com
os fracos tornei-me fraco, para ganhar os fracos. Tornei-me tudo para com
todos, para de alguma forma salvar alguns.
Uma dificuldade especial das igrejas
eram os “fracos”. De fato oneravam qualquer vida eclesial. Será que realmente
deviam ser conquistados e introduzidos na igreja? Não seria mais
compensador empenhar-se apenas pelas pessoas fortes e capazes? Por isto, os
“fortes” e os “livres” não estavam dispostos a empenhar -se seriamente por
esses fracos. Pudemos ver isto no capítulo 8 desta carta. Paulo sempre lutou
para que também os fracos tivessem seu local pleno na igreja (1Ts 5.14; Rm
14.1; 15.1). Tentou ganhar também a eles, tornando-se por isso “um fraco para
com os fracos”. Não destacou a sua força, sobrecarregando os fracos, mas
compreendeu-os e respeitou-os em sua fraqueza.
Em seguida Paulo resume tudo numa
frase que exprime, de modo inesquecivelmente conciso, uma regra básica de toda
a evangelização: “Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos,
salvar alguns.” O evangelista não exige, mas serve. Por isso busca o outro no
lugar em que este verdadeiramente se encontra. Aquilo que o Filho de Deus
realizou em grandes proporções ao se tornar humano, seu emissário agora realiza
diante de todas as diferentes pessoas às quais chega. Não os interpreta
intelectualmente a partir de uma altura superior, mas ele “se faz tudo para
eles”; chega até eles de fato em seu ambiente de vida e vive com eles, assim
como o santo Filho de Deus partilhou conosco todo o destino humano até no
sofrimento e na morte. Em Paulo isso se tornou singularmente evidente quando
ele, o israelita circuncidado e ex-fariseu, partilhou integralmente a vida “sem
lei” das pessoas das outras nações. Seu objetivo é ganhar.
Para Paulo “ganhar” é essencialmente
“salvar”. Por isso Paulo considera todas as pessoas como “perdidas” que
precisam ser salvas pela palavra da cruz. E diante desse alvo
extraordinariamente grande e necessário acontece essa entrega ao ministério em
sua vida. Paulo é muito sóbrio nesta questão. Ele não pensa que nessa dedicação
aos outros tenha encontrado o método seguro para alcançar a “todos” e salvar a
todos. Porém, com a penosa seriedade de suas múltiplas experiências, ele
escreve: “com o fim de, por todos os modos, salvar alguns”. Também nesse ponto
temos de aprender dele. Constantemente procuramos métodos eficazes e facilmente
medimos nosso trabalho pelos grandes números que atingimos. Quantas pessoas,
porém, realmente “salvamos”, isso é outra questão. Poderemos ficar cheios de
gratidão se forem os mesmos “alguns” de que fala uma pessoa como Paulo.
Os métodos de Deus continuam os mesmos no que tange a obra missionária, eles são homens
chamados por Ele, cheios do Espírito Santo, verdadeiros soldados valorosos. Ele
está interessado em pessoas dispostas a agradarem-lhe, soldados que lutem
comprometidos com a vitória de seu Reino. É bem verdade que há alguns que
entram numa guerra com intenções dolosas, inclusive de se enriquecerem com os
espólios. Esse é. o mesmo sentimento de Acã que pensou em tirar vantagens para
si, ignorando todo um contexto de vidas que se perderam por causa da sua
ganância e loucura (Js 7.21).
A carreira
de um homem é determinada pelo constante preparo, e pela dedicação integral no
exercício da sua escolha. Nos antigos jogos gregos de Olímpia, que inspirou a
moderna olimpíada, era declarada uma trégua entre as cidades que se rivalizavam
para que os atletas chegassem com segurança, tais homens representavam a sua
cidade de origem, e, no retorno, eram celebrados como heróis por elas quando
campeões. Paulo era, portanto, um homem tal qual um atleta do Reino de Deus que
tinha em mente alcançar uma coroa que não se deteriora.
3.1. O objetivo de Paulo (1Co 9.26a)
Paulo, como
atleta-missionário, tinha uma marca a atingir, isso significa dedicação
integral, ele não podia se distrair com outra coisa que o afastasse de seu
alvo. A sua dedicação era tão intensa que não admitia desistências como no caso
de João Marcos, que diante de Perge na Panfília os deixou. Se bem que lá era um
lugar montanhoso, arriscado e infestado de ladrões. Contudo, para Paulo, tratava-se
apenas de um obstáculo a ser vencido a fim de chegar ao seu destino, ele tinha
uma marca a atingir; depois de apedrejado em Listra, e ali dado como morto,
Paulo escapou, mas em seguida levanta-se e entra na cidade novamente. Tentamos
entender o que havia na mente de Paulo, para que mesmo tomando uma surra de
varas em praça pública e sendo injustamente preso, ainda assim insistia em
permanecer em Filipos (At 16.37-39). Posteriormente, Paulo mesmo dá uma
resposta: “Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em
Cristo Jesus” (Fp 3.14).
Essa renúncia obviamente não é
brincadeira. Paulo mostra isso em sua própria vida. “Portanto corro, não como
indeciso;”. A palavra que Paulo utiliza na realidade significa “de maneira
imprecisa”. Não corre de forma a não conseguir reconhecer para onde, afinal, se
dirige sua corrida.
3.2. Assim combato, não como
batendo no ar (1Co 9.26b)
Os desafios
de um missionário são grandiosos, existe um combate pelo estabelecimento do
Reino de Deus e bem sabemos que Satanás de alguma forma contra-atacará. À
medida que um obreiro vai tendo êxito, ele tentará distrair o servo de Deus
consigo mesmo, fazendo-o achar-se mais santo, um escolhido de Deus, e um anjo
do céu na terra. Paulo não admitia perda de tempo, pois o elemento com que
trabalha é eterno. Assim, quando ele achava que tinha terminado o seu
testemunho em determinado lugar, mudava-se para outro, pois a vida é curta, o
tempo passa, e aquela geração se não for evangelizada, perder-se-á. Ao mirar
para as santas Escrituras, elas são confrontadas com o elevado padrão dos
primórdios evangelizadores.
Não se parece com um boxeador que
“golpeia o ar” a esmo. Tudo em seu corpo está concentrado e direcionado para o
alvo. Nos coríntios ele constatava aquela ambivalência e duplicidade que também
hoje deteriora o ser cristão. O olhar dirige-se a dois alvos ao mesmo tempo.
Sem dúvida não se deseja perder a eternidade, mas o desejo e o empenho valem
sobre tudo também para a prosperidade terrena. No entanto, a corrida daquele
que corre ao mesmo tempo para dois alvos torna-se necessariamente “imprecisa” e
“incerta”.
Não dá mais para constatar para onde
o cristão está correndo, afinal. Em sua luta ele já não golpeia com seriedade,
não vê mais o inimigo que quer acabar com sua vida; por isso o cristão talvez
ainda lute, mas com muita frequência “como alguém que golpeia o ar”.
3.3. Para alcançar uma coroa
incorruptível (1Co 9.25)
Numa
olimpíada, o descumprimento das regras implicava penalidades e até na
eliminação da competição como acontece em nossos dias. Por outro lado, qualquer
prêmio que não represente uma participação legítima não tem valor. No Reino de
Deus, a desclassificação é muito real, só que, às vezes, o atleta (crente) nem
percebe que foi eliminado. O sofrimento e a ingratidão no trabalho ministerial
pode tornar um coração muito ressentido, insensível e, é assim que muitos, na
verdade, estão fazendo a obra de Deus. Imaginando que tem a aceitação dele,
quando, na verdade, estão desclassificados há tempos, e tudo, quanto fizerem,
não terá louvor algum diante de Deus. Noutras palavras, significa que a coroa
incorruptível, de justiça, imarcescível jamais será alcançada por um
desclassificado. Para evitar a desclassificação, o obreiro esmurra o próprio
corpo e o reduz à escravidão, para que ao evangelizar a outros não seja
desqualificado (ICo 9.27). É desse homem que estamos falando. Paulo assim o
fez.
Agrega-se a isso um segundo elemento
que os coríntios igualmente conhecem da atividade esportiva: “Todo aquele que
luta, em tudo se domina.”. O atleta evita determinadas coisas durante o
treinamento, não porque fossem “ruins” ou “proibidas” em si. Sua abstinência
tampouco é um fim em si mesmo nem tem valor em si. Serve apenas ao grande alvo
de alcançar o prêmio da vitória, e simplesmente é
parte objetiva dele, quando se visa
obter a coroa almejada. Obviamente no esporte trata-se apenas de uma “coroa
perecível”. Diante dos cristãos está a “coroa imperecível” da vida eterna.
Então o cristão pode e precisa evitar decididamente tudo o que poderia
atrapalhá-lo na corrida para esse alvo. Não está em questão se algo é
“pecaminoso” ou talvez, ainda assim, “permitido” ou até muito bom e valioso. A
abstinência em si tampouco é algo “superior” e “mais valioso”. Não estão em jogo
quaisquer leis ou proibições. A acusação do legalismo aqui erraria
completamente o alvo. O que está em jogo é unicamente o alvo eterno e a
necessária e deliberada renúncia a tudo o que me poderia me privar desse alvo
extraordinário.
Por essa razão Paulo também se
restringe à declaração bem genérica: “comedido em todos os aspectos”. O que
ameaça deter e travar cada cristão em sua carreira pode ser muito
diversificado. O que não prejudica em nada a esta pessoa pode vir a ser um
sério perigo para outra. Nessa questão não há regras gerais. Contudo cada
cristão precisa prestar atenção com profunda seriedade e decidida clareza
àquilo que tenta impedir que justamente ele chegue ao alvo. É isso que ele terá
de deixar de lado, por mais “inofensivo” ou “precioso” que possa ser.
Bem poderíamos falar sobre as viagens
missionárias de Paulo, dos lugares por que passou e das aventuras descritas por
Lucas, mas, como missionário, preferimos
escrever acerca da sua pessoa e postura. O seu legado a nós deixado foi,
sobretudo, o exemplo marcante do seu ser que impregnou de Cristo o mundo, como
ele mesmo chegou a dizer: “somos o bom cheiro de Cristo”. Tal odor não perdeu
seu vigor. Pois ainda perfuma, influencia, e transforma vidas.
Conclusão
Ele foi um
vaso escolhido para levar o nome de Cristo, um soldado valoroso, um
estrategista do Reino, um fazedor de tendas, um plantador de igrejas, um homem
que trouxe, no corpo, as marcas de Cristo. O que fez a diferença na vida de
Paulo foi o preparo constante e a dedicação intensa. Os mesmos princípios que,
se levados a efeito, trarão impacto também ao nosso trabalho.
.
QUESTIONÁRIO
1. O que o Espírito Santo ordenou na
igreja de Antioquia?
R. Que Barnabé e Paulo fossem
separados para obra previamente determinada pelo conselho divino.
2. Cite
as regiões por que Paulo passou antes de fazer a obra missionária com Barnabé:
R. Regiões da Arábia, Damasco,
Jerusalém e em Tarso da Cilicia.
3. Quem foi o cooperador de Barnabé e
Paulo na primeira viagem missionária?
R. João Marcos.
4 Por que João Marcos abandonou a
missão diante de Perge na Panfília?
R. Abandonou temendo os desafios.
5. Paulo
ensina que por muitas tribulações, o que importa é?
R. Entrar no reino de Deus.
REFERÊCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 4º Trimestre de 2012,
ano 22 nº 85 – Jovens e Adultos – Apóstolo Paulo.
Comentário Bíblico Expositivo –
Warrem W. Wiersbe
O Novo Testamento Interpretado
Versículo Por Versículo - Russell Norman Champlin
O Antigo Testamento Interpretado
Versículo Por Versículo - Russell Norman Champlin
Comentário Esperança - Novo
Testamento
Comentário Bíblico Matthew Henry -
Novo Testamento
Comentário Bíblico - F. B. Meyer
Bíblia – THOMPSON (Digital)
Bíblia de Estudo Pentecostal – BEP
(Digital)
Dicionário Teológico – Edição revista
e ampliada e um Suplemento Biográfico dos Grandes Teólogos e Pensadores – CPAD
- Claudionor Corrêa de Andrade
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