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Assembléia de Deus de Bom Jesus de Goiás
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
O evangelho do Apóstolo Paulo e sua pedagogia
O evangelho do Apóstolo Paulo e sua pedagogia
LIÇÃO 09 – 02 de
Dezembro de 2012
O evangelho do Apóstolo Paulo e sua
pedagogia
TEXTO AUREO
“E desta maneira me esforcei por
anunciar o evangelho, não onde Cristo foi nomeado, para não edificar sobre
fundamento alheio”. Rm 15.20
VERDADE APLICADA
O alvo principal do ensino cristão é
apresentar a Deus todo homem perfeito em Jesus Cristo.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
Rm 1.14 - Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios
como a ignorantes.
Rm 1.15 - E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar
o evangelho, a vós que estais em Roma.
Rm 1.16 - Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de
Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do
grego.
Rm 1.17 - Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está
escrito: Mas o justo viverá da fé.
Romanos 15.20 – Texto Áureo
De modo surpreendente Paulo dá a
conhecer um princípio, que resultava menos de sua vocação que de experiências
posteriores. (Nisso), porém, esforçando-me, deste modo, por pregar o evangelho,
não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento
alheio. Em 2Co 10.12-18, onde ele assume a mesma posição, transparece
também seu motivo. Ele visa distanciar-se daqueles missionários que o seguiam,
missionavam atrás dele, espionavam-no e se apoderavam, ávidos de vanglória, da
sua obra. Ele evitava qualquer atrito. Por razão semelhante também não fazia
valer nas igrejas recém-fundadas o seu direito por sustento material: “Tudo
faço por causa do evangelho” (1Co 9.23). Indiretamente, ele novamente dá a
entender aos romanos: entre vocês terei apenas um papel de visitante, mas
auxiliem-me no meu trabalho pioneiro na Espanha, unicamente por amor ao
evangelho!
Introdução
Paulo se tornou doutor dos gentios e
assim considerava-se por causa da sua dedicação ao ensino que objetivava
apresentar todo homem a Deus, perfeito em Cristo Jesus. Este foi um projeto
muito ambicioso pelo qual lutou incansavelmente até os últimos momentos de sua
vida. Esse ainda hoje é o alvo mais nobre da pedagogia cristã pelo qual se deve
lutar.
É surpreendentemente maravilhoso ver
como o ensino paulino se depara com públicos diferentes, e mesmo assim, ele se
ajusta à necessidade dessa heterogeneidade humana. Aos romanos, a dinâmica
pedagógica de Paulo se ajusta à necessidade de um conhecimento aprofundado
acerca da salvação, em tom pertencente ao direito, visando aprofundar suas
convicções.
1.1. O homem precisa da justificação
A comunicação e o ensino de Paulo
partem de um ponto que venha despertar o interesse. Por exemplo, Paulo ao
escrever para os romanos, ensina sobre a salvação, mas parte do ponto de vista
jurídico, capaz de despertar e fixar a atenção dos seus leitores, que têm um
gosto peculiar pela jurisprudência. Paulo demonstra que todos são pecadores,
todos estão sob condenação, e por isso, precisam de justificação. No entanto o
homem é por si mesmo incapaz de alcançar essa justificação, mas ela lhe é
oferecida gratuitamente, pela fé, e por graça mediante a redenção que há em
Cristo Jesus (Rm 3.23-25). Esse tom jurídico é em si uma maneira interessante
de se aprender sobre a salvação.
Romanos 3.23-25 - Neste ponto, Paulo
insere brevemente no seu raciocínio o resultado de 1.18–3.20. Porque não há
distinção (entre judeus e gentios): pois todos pecaram e carecem da glória de
Deus. De acordo com Sl 8.5,6, o ser humano na verdade está logo abaixo de Deus.
Como reflexo de Deus ele traz sobre a cabeça uma coroa de glória, com a Criação
aos seus pés. Ele, porém, possui essa dignidade somente quando persevera na
adoração de Deus, assim como a lua somente brilha quando está voltada para o
sol. Por meio da trágica alteração de percurso mencionada e m 1.21, o ser
humano perdeu sua irradiação prevista por Deus. Em 1.24-32 e 3.10-18 Paulo
retratou o ser humano desviado de Deus e, por isso, assustadoramente sem
brilho. Segundo 2.7,10, no juízo final estará em jogo a pergunta se Deus nos
conferirá esse brilho reluzente da dignidade humana original.
Depois que Paulo trouxe mais uma vez
à presença o ser humano silenciado sob a acusação e apagado sob a ira de Deus,
ele afirma, como elemento de contraste, sobre o mesmo ser humano: tão logo
chega à fé em Cristo, é justificado por Deus. É justo para Deus, capaz para
Deus e, desse modo, inteiramente capaz de viver. Paulo assevera duplamente que
para isso não se abre uma contabilidade. A pessoa é declarada livre
gratuitamente, sem custos, mas sem que a declaração por isso fosse “barata”. É
muito comum recebermos de graça o que não tem valor, porém de Deus recebemos
justamente o que é impagável e, por isso, impossível de adquirir por dinheiro.
O “desconto” total se explica nesse caso como pura graça.
Ao mesmo tempo, graça acontece aqui
em correlações jurídicas. Ela é concebida como um processo intrajudicial. Pois
nosso pecado produziu uma situação jurídica. Transportou-nos para a condição de
escravos (Rm 6; Jo 8.34). Sofremos desenvolvimentos compulsórios que não só nos
vitimam injustamente, mas que também merecemos. Pois também diante de Deus é
justo que o nosso mal não nos faça bem, que colhamos o que semeamos (Gl 6.7).
Ou seja, o poder do pecado pode exibir uma “ordem de execução” divina. Sob esse
aspecto, sofremos não apenas a infâmia satânica, mas também juízo divino. “A
força do pecado é a lei (divina!)” (1Co 15.56). Em consequência, o que
precisamos não é “só o amor”. Perdão “sem mais nem menos” não conduz à
liberdade. Para haver redenção verdadeira é preciso proceder de forma correta.
Para isso, é necessário anular o direito do nosso pecado. A afirmação da graça
de Deus tem por base legal o ato legal da morte de Cristo. Para valorizá-la,
Paulo utiliza em Rm pelo menos três metáforas jurídicas: “redenção” (v. 24), do
direito da família, “propiciação” (v. 25), do direito sacro, e em 5.1-11
“reconciliação” (5.11), do direito internacional.
Somos declarados livres por Deus
mediante a redenção (que aconteceu) em Cristo Jesus. O resgate era
originalmente uma instituição do direito israelita da família. Quando um
israelita estava endividado ao extremo, seu parente mais próximo intervinha em
favor dele com tudo que tinha e que podia fazer, como seu “resgatador”. Essa
instituição de redenção por compra serve na Bíblia também como parábola do agir
redentor de Deus em Israel no Egito, depois, no cativeiro babilônico, e
finalmente em Isaías, bem como no NT, como acontecimento em favor de todos os
povos.
O NT apresenta 18 passagens que falam
do resgate. São configuradas de maneiras diferentes, mas sua mensagem fundamental
é a seguinte: o próprio Deus é esse parente mais próximo de todas as pessoas
(Sl 27.10). Incondicionalmente, ele intervém em favor de suas criaturas
escravizadas e deportadas. São exatamente a culpa, aflição e vergonha que o
convocam como “resgatador”. Em Cristo ele se fixou nessa função. Ali ele é
plenamente “resgatador”. Visto que compra não é roubo, e sim um ato legal, o
resgate em Cristo Jesus constitui o negócio mais confiável do mundo.
Paulo bem sabia quão importante era afirmar as convicções através
do ensino, o eixo principal de sua mensagem é Cristo Jesus, o crucificado. A
cultura paganizada de sua época precisava ser alterada, pela cultura da fé
cristã (Hb 11.6). Os deuses tinham o seu domínio na crença, daquelas
civilizações, mas não tinham respostas do dilema eterno posto
no coração humano. Mas os cristãos deforma tão simples se
tornaram uma poderosa ameaça por causa do que criam, do que experimentavam, e
do que testemunhavam com as suas vidas, correndo severos riscos em muitos
lugares.
1.2. A fé no evangelho é o único
elemento capaz de justificar o homem
Todos concordam que a justificação é um
ato exclusivo de Deus (Rm 3.21-23). E não é uma doutrina nova nas Escrituras,
mas presente no Antigo Testamento, e mui claramente demonstrada na vida do
patriarca Abraão (Rm 4.1-5). Por isso, o Apóstolo Paulo se utiliza da figura
desse personagem, para exemplificar que a justificação é consumada no coração
humano pela fé, mas que, sobretudo, precisa ser entendida para depois ser
experimentada (Rm 10.17).
Rm 3.21-23 – Debaixo da Lei do Antigo Testamento, a justificação dava-se quando
o homem se comportava bem; mas, sob o evangelho, a justificação se dá
quando o homem crê. A Lei em si revela a justiça de Deus, pois
"a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom" (Rm 7:12).
Além disso, a Lei dava testemunho dessa justificação do evangelho, apesar de
ela própria não ter poder para justificar. Começando em Génesis 3:15 e
continuando ao longo de todo o Antigo Testamento, vemos o testemunho da
salvação pela fé em Jesus Cristo. Os sacrifícios, as profecias e os tipos do
Antigo Testamento, bem como as principais "Escrituras do evangelho"
(como Is 53), davam testemunho dessa verdade. A Lei podia afirmar a justiça de
Deus, mas não podia oferecê-la ao homem pecador, pois somente Jesus Cristo
pode fazer isso (ver Gl 2:21).
(v. 22a). O valor da fé
consiste no valor de seu objeto. Todos os seres humanos creem em alguma coisa,
mesmo que seja apenas em si mesmos; o cristão, porém, crê em Jesus Cristo. A
justiça da Lei é uma recompensa por obras realizadas. A justiça do evangelho é
uma dádiva concedida por meio da fé. Muita gente diz: "Eu acredito em
Deus!", mas não é isso o que nos salva. O que salva e justifica o pecador
é a fé pessoal e individual em Jesus Cristo. Até mesmo os demónios no inferno
creem em Deus e estremecem; no entanto isso não os salva (Tg 2:19).
(w. 22b, 23). Deus deu sua
Lei aos judeus e não aos gentios; mas as boas novas da salvação por meio de
Cristo são para todos, pois todos precisam ser salvos. Em se tratando de
condenação, não há diferença alguma entre judeus e gentios. "Todos
pecaram e estão aquém da glória de Deus" (Rm 3:23, tradução literal). Deus
declarou todos os homens culpados para que pudesse oferecer a todos o dom
gratuito da salvação.
Rm 4.1-5 - Paulo aborda a questão controvertida entre cristãos e judeus quanto à
experiência central de Abraão. Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso
pai segundo a carne? Em todo caso encontrou graça, pois é assim que o termo
“alcançar” pode ser completado a partir de uma expressão bíblica. Nisso Paulo e
seus adversários eram unânimes. Porém, por meio de que ele chegou a esse estado
de graça? Que o tornou correto diante de Deus, de modo que ele foi chamado
“amigo de Deus” (Tg 2.23)? A deduzir da continuação no v. 2, a resposta
adversária era: Cumprimento exemplar da lei rendeu-lhe o louvor de Deus! Nisso
é preciso levar em conta a doutrina judaica de que Abraão já tinha conhecimento
da lei do Sinai, ainda que não em forma escrita, observando-a exemplarmente
ponto por ponto. Desse modo adquiriu um saldo positivo de boas obras, que
reverteria em benefício de seus descendentes no juízo final. Se não forem
capazes de quitar seus pecados através de méritos próprios, usufruem do tesouro
de méritos dele. Sob esse aspecto, sem a justiça transbordante das obras de
Abraão, sucumbia para os judeus a esperança da salvação.
(v 2) Paulo aguça agora a
interpretação judaica: Porque, se Abraão foi justificado por obras (da lei),
tem (algo) de que se gloriar. Poderia triunfar no juízo com sua própria
justiça. Contra isso, porém, levanta-se um protesto exegético. Porém (isso) não
(vale) diante de Deus, que fala por intermédio da Escritura.
(v 3) O texto-chave de Gn 15.6
documenta a justiça de Abraão por fé. Pois que diz a Escritura? Abraão creu em
Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. “Texto-chave” significa nesse caso:
Essa forma de imputação não estava apenas limitada àquela situação, mas formou
o alicerce da relação propriamente dita entre Abraão e Deus, até o juízo final.
Pelo sentido literal daquele texto, fé em Abraão não era praticar com fé as
prescrições, mas submeter-se sem reservas à promessa de Deus. Realmente é
imprópria a ideia de obedecer mandamentos sobre alimentos, ordens de jejum,
ritos e sacrifícios. Logo Abraão, confiante nas promessas, foi a pessoa
acertada para Deus, o aliado ideal. Por isso ele lhe declarou solene aceitação
misericordiosa, renunciando ao direito de que dispunha de lhe imputar culpa (v.
6-8). É essa deliberação fundamental que sustenta Abraão e o povo que lhe foi
prometido. Evidentemente esse “crer” tem uma série de relações com outras
manifestações da vontade de Deus. No entanto, quem visa sempre cumprir a
vontade de Deus, imperiosamente deve visar Deus pessoalmente. Em cada um dos
mandamentos, o decisivo é avançar até o I Mandamento e temer e amar o próprio
Deus acima de todas as coisas.
(v 4) O texto de Gn 15.6 desconhece a
ideia de creditar contraprestações humanas. Ora, ao que trabalha, o salário não
é considerado como favor (segundo a graça), e sim como dívida. Pois nessa
hipótese estaria no comando a conta dos méritos, que sobe cada vez mais, até
permitir a leitura do resultado, a soma da “justiça”, que pode ser quitada.
Para Paulo, porém, vigora a graça, muito em consonância com Rm 3.24; 11.5,6.
(v 5) Portanto, resta apenas a
justiça por fé. Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o
ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça. O patriarca está sendo contado,
sem que seja dito expressamente, entre as pessoas sem Deus. Talvez a intenção
de Paulo também seja apontar para a descendência gentílica de Abraão. Em todo caso
ele desafia incrivelmente a interpretação judaica de Abraão, sim, ele afronta
inicialmente qualquer percepção tradicional de direito. Reside nisso um dilema,
que será solucionado só no final do capítulo, mas que agora estava sendo
sentido como tal.
Rm 10.17 - Depois de refutar a ideia de um automatismo da fé sob a pregação,
Paulo tem condições de afirmar duas coisas sobre o surgimento da fé: E, assim,
a fé vem pela pregação. Antes que venha a fé, vem a mensagem. Mas a pregação,
pela palavra de Cristo. Por trás da boca do mensageiro está a boca do Cristo
ressuscitado.
1.3. Jesus Cristo é o preço pago para
nossa justificação
Não é possível apresentar o homem
perfeito a Deus sem Cristo Jesus, sem que Ele se torne o tema central nos
nossos próprios ensinamentos. Afinal, foi Ele quem foi entregue à morte e
ressuscitou para a nossa justificação (Rm 4.25). A graça da justificação pela
fé no Cristo ressuscitado é para todos os homens. Tal verdade deve ser levada
com muito empenho para que este alicerce soteriológico fique inabalável nas
pessoas.
A soteriologia é
o estudo da salvação humana. A palavra é formada a partir de dois termos gregos
(Soterios), que significa "salvação" e (logos), que significa
"palavra", ou "princípio".
Rm 4.25 – o qual foi entregue por
causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação.
Um dito homogêneo, cuidadosamente
formulado, sobre esse Senhor enfeixa, no final, todo o bloco da carta desde
3.21. Na forma de uma confissão que é apoiada por todas as comunidades, Paulo
recoloca mais uma vez a mensagem fundamental da morte propiciatória de Jesus,
de Rm 3.25: o qual foi entregue por causa das nossas transgressões. Essa ação
de Deus está presente também como base para Paulo nas demais exposições (p.
ex., 5.9,10; 6.10; 8.3,32-34). Além disso, porém, o nexo com o v. 17b direciona
especificamente para a ação da Páscoa, que ainda estava ausente em 3.24,25: e
ressuscitou por causa da nossa justificação. Para o “por causa”, tanto na frase
inicial, quanto no período posterior desse versículo, são possíveis diferentes
explicações.
• A preposição “por causa” poderia
ter ambas as vezes um sentido causal (justificativo). Então teremos para ambas
as ações a seguinte correlação: Cristo morreu em nosso lugar, “por causa” de
nossos pecados. Desse modo ele restabeleceu a nossa justiça, p. ex., no sentido
de 5.9: “sendo justificados pelo seu sangue”. Sob essa premissa, ou seja, “por
causa” de nossa justiça perfeita, Deus em seguida respondeu por meio de uma
segunda ação, despertando Jesus da morte. Vista dessa maneira, a ressurreição
constituiu o resplandecente “sim” e “Amém” de Deus à obra já consumada na cruz
(Jo 19.30). Ela a qualificou como inegável. Páscoa é o quebra-dúvidas (1Co
15.17). Nenhuma experiência negativa será capaz de superá-la.
• No entanto, também se pode fazer
uso da possibilidade linguística de que esse “por causa” ocasionalmente pode
especificar um sentido final (indicação da finalidade). Nesse caso mantém-se na
parte inicial o sentido causal como acima, mas entende-se a continuação como
finalidade e parafraseando: Cristo foi ressuscitado “com a intenção” da nossa
justificação, do estabelecimento e da preservação da nossa justiça. Vista
assim, a ação de Deus na Páscoa não foi somente uma confirmação retrospectiva
da expiação perfeita, Deus não se limitou a uma limpeza do passado, não apenas
restabeleceu o ponto zero, mas aponta, a partir da Páscoa, para um “algo mais”.
Páscoa é ruptura voltada para a frente, em direção da novidade de uma vida para
Deus (5.2; 6.4b,10,11). Cristo foi enaltecido, a fim de salvar também os
reconciliados para todo o futuro “pela sua vida” (5.10). Seu justificar
contínuo (8.34; Hb 7.25) “dá vida” (5.18). Os textos paralelos aqui referidos
indicam com que força esses pensamentos ocuparão o próximo bloco da carta.
Essa foi uma questão muito pertinente
que gerou muitas dúvidas e precisava de muito esclarecimento naquela época. A
forma de recurso usado por Paulo para eliminação delas era o ensino quando
estava presente, mas quando ausente, a través de suas cartas, procurou
cuidadosamente eliminar qualquer dúvida. Visto que a insegurança, nesse assunto, gera prejuízos irreparáveis.
2. Paulo e a construção do
conhecimento
A pregação e o ensino cristãos não eram
o único meio de promover a moral da sociedade greco-romana. Mas a construção do
pensamento cristão através de Paulo, parte do conceito de autoridade das
Escrituras, evidentemente do Antigo Testamento (posto que, naquele tempo, era o
que se tinha documentado e ratificado como inspirado por Deus).
2.1. Tudo parte das Escrituras
O ponto de apoio paulino para a
comunicação, convencimento e instrução de seu auditório, não vinham de si
mesmo. Ele mesmo se recusa a usar linguagem floreada, rebuscada e lisonjeira,
mas usa a simples e direta como uma espada. Sua mensagem também não vinha de
pensamentos filosóficos correntes de sua época, isso não significa que não
encontremos citações diretas e indiretas de mestres e filósofos em suas
pregações e cartas. O seu cuidado era que a vida cristã de seus ouvintes e
destinatários não repousassem sobre qualquer elemento pessoal, filosófico ou
humano. Que o conhecimento e vida prática deles partissem das Escrituras e do
Senhor Jesus (Rm 15.4; 2Tm 3.16). Ele é a sabedoria, o logos, e o poder de
Deus. Se hoje a igreja local se desprender do eixo do conhecimento revelado,
perderá o sentido de sua existência.
2Tm 3.16 - Toda a Escritura é
inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e
para a instrução na justiça,
“Toda a Escritura é inspirada por
Deus” A doutrina da inspiração das Escrituras é de importância vital e também
é uma doutrina que Satanás tem atacado desde o princípio ("É assim que
Deus disse...?" [Gn 3:1]). É inconcebível que Deus desse a seu povo um
livro no qual não pudessem confiar. Ele é o Deus da verdade (Dt 32:4); Jesus
Cristo é "a verdade" (Jo 14:6); e "o Espírito é a verdade"
(1 Jo 5:6). Jesus afirmou acerca das Escrituras: "a tua palavra é a verdade"
(Jo 17:17). O Espírito Santo de Deus usou homens de Deus para escrever a
Palavra de Deus (2 Pe 1:20, 21). O Espírito não apagou as características
naturais dos escritores. Antes, em sua providência, Deus preparou escritores
para a tarefa de redigir as Escrituras. Cada um deles tem seu estilo e
vocabulário próprios. Cada livro da Bíblia originou-se de um conjunto
específico de circunstâncias. Ao preparar os homens, ao conduzir a história e
ao operar por meio do Espírito, Deus realizou o milagre das Escrituras.
Não se deve pensar no termo
"inspiração" da forma que o mundo o entende hoje, quando diz:
"sem dúvida, Shakespeare foi um escritor inspirado". A inspiração bíblica
refere-se à influência sobrenatural do Espírito Santo sobre os escritores,
garantindo que as palavras que escreveram seriam precisas e fidedignas. A revelação é
a comunicação da verdade ao ser humano por Deus; ainspiração é
relacionada ao registro dessa comunicação de maneira confiável.
Tudo o que a Bíblia afirma a respeito
de si mesma, do ser humano, de Deus, da vida, da morte, da história, da ciência
e de qualquer outro assunto é verdade, isso não significa que todas as
declarações encontradas na Bíblia sejam verdadeiras, pois ela registra as
mentiras dos homens e de Satanás. Mas o registro é verdadeiro.
As Escrituras são úteis (v. 16b). São
úteis para o ensino (aquilo que é certo), para a repreensão (aquilo
que é errado), para a correção (como fazer o que é certo) e para a educação
na justiça (como permanecer no caminho certo). O cristão que estuda a
Bíblia e que aplica o que aprende cresce em santidade e evita muitas ciladas
deste mundo.
2.2. Fé para entender
A pedagogia paulina se baseia na fé que
parte da revelação, como disse Agostinho: “Eu creio para entender”. Nas
Escrituras, constatamos que a fé e a razão andam juntas, e não divorciadas. Mas
reconhecemos que a fé tem capacidade de ir mais além do que os olhos podem ver,
tocar, e sentir (ICo 2.9). A superioridade da fé que repousa na revelação é
capaz de aceitar o que a razão rejeita, demonstrando depois ser perfeitamente
racional. Como disse certo teólogo, “Onde a razão para a fé caminha, prossegue
vitoriosamente”. Tertuliano também disse: “Creio porque é absurdo, se não fosse
absurdo não haveria necessidade da fé, bastariam os sentidos ou a razão”. Por
mais chocante que possa parecer, o conhecimento de Deus, a salvação em Cristo e
uma vida cristã abençoada é alicerçada sobre a “fé que atua pelo amor” (G1 5.6;
Hb 11.1-2).
ICo 2.9 - Mas, como está escrito: As
coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do
homem, são as que Deus preparou para os que o amam.
Este versículo é usado com
frequência em funerais e aplicado ao céu, mas sua aplicação principal diz respeito
à vida do cristão hoje. O versículo seguinte deixa claro que Deus
está nos revelando tais coisas aqui e agora.
Trata-se de uma citação (adaptada) de
Isaías 64:4. O contexto imediato é relacionado a Israel no cativeiro,
esperando o livramento de Deus. A nação havia pecado e, como disciplina, fora
mandada para a Babilónia. O povo clamou a Deus, pedindo que descesse para
livrá-los. Depois de setenta anos de exílio. Deus respondeu a suas orações.
Deus tinha planos para seu povo, e ninguém precisava temer coisa alguma (Jr
29:11).
Paulo aplicou esse princípio à
igreja. Quaisquer que sejam as circunstâncias, nosso futuro está seguro em
Jesus Cristo. Na verdade, os planos de Deus para seu povo são tão maravilhosos
que nossa mente não é capaz sequer de começar a concebê-los ou a
compreendê-los! Deus ordenou tais coisas para sua glória (1 Co 2:7). É glória
desde a Terra até o céu!
Para os que amam a Deus, todo dia é
um bom dia (Rm 8:28). Pode não parecer bom ou podemos não sentir que é bom,
mas quando Deus realiza seu plano, podemos ter certeza de que é o melhor. É
quando deixamos de crer no Senhor ou lhe obedecer, quando nosso amor por ele
esfria, que a vida se torna sombria. Se caminharmos com Deus em sabedoria,
desfrutaremos suas bênçãos.
Consideramos nesta passagem duas verdades
fundamentais acerca do evangelho: o cerne da mensagem é a morte de Cristo, e
ela faz parte do grande plano eterno do Pai. Os cristãos em Corinto haviam
esquecido o preço pago por sua salvação; havia deixado de olhar para a cruz.
Também estavam se ocupando de questões secundárias, coisas de criança, pois
haviam deixado de se maravilhar com a magnitude do plano de Deus para eles. Era
necessário que voltassem ao ministério do Espírito Santo.
Hb 11.1-2 - Ora, a fé é a certeza daquilo
que esperamos e a prova das coisas que não vemos. Pois foi por meio dela que os
antigos receberam bom testemunho.
Não se trata de uma definição da fé,
mas sim de uma descrição do que ela faz e de como funciona. A verdadeira fé
bíblica não consiste em um otimismo cego nem em um sentimento forçado de
"espero que [...]". Também não é uma aquiescência intelectual à
doutrina. Certamente não é crer apesar das evidências, pois isso seria
superstição!
A verdadeira fé bíblica é uma
obediência confiante à Palavra de Deus apesar das circunstâncias e
consequências. Convém ler a frase anterior novamente e deixar que ela
penetre a mente e o coração. Essa fé funciona de maneira bastante simples.
Deus fala, e ouvimos sua Palavra. Confiamos em sua Palavra e agimos de acordo
com ela, a despeito das circunstâncias e das consequências. As circunstâncias
podem ser impossíveis e as consequências assustadoras e desconhecidas. Ainda
assim, obedecemos à Palavra de Deus e cremos que ele fará o que é certo e o
que é melhor.
O mundo incrédulo não entende a verdadeira
fé bíblica, provavelmente porque vê tão pouca fé operando na Igreja de hoje. H.
L Mencken, um editor cínico, definiu a fé como "uma crença ilógica na
ocorrência do impossível". O mundo não entende que a fé tem o mesmo valor
que seu objeto, e que o objeto de nossa fé é Deus. A fé não é um
"sentimento" que criamos. É nossa resposta de corpo e alma àquilo que
Deus revelou em sua Palavra.
Três termos em Hebreus 11:1-3 resumem
a verdadeira fé bíblica: certeza, convicção e testemunho. O
termo traduzido por "certeza" significa, literalmente, "servir
de escora, sustentar". A fé é para o cristão aquilo que o alicerce é para
a casa: dá confiança e segurança de permanecer em pé com firmeza.
Assim, podemos dizer que ter fé é
"estar seguro das coisas que se esperam". A fé do cristão é o meio
que Deus usa para lhe dar confiança e segurança de que as promessas serão
cumpridas.
A palavra convicção quer
dizer "persuasão íntima". É a convicção íntima dada por Deus de que
ele cumprirá o que prometeu. A presença no coração da fé recebida de Deus é
convicção suficiente de que ele cumprirá sua Palavra.
O termo testemunho é
importante em Hebreus 11. Aparece não apenas no versículo 2, mas também duas
vezes no versículo 4, uma vez no versículo 5 e uma vez no versículo 39. O
resumo em Hebreus 12:1 chama essa lista de homens e mulheres de "grande
nuvem de testemunhas". São testemunhas para nós porque Deus testemunhou
para eles. Em cada exemplo citado, Deus deu testemunho da fé desse indivíduo
por meio da aprovação de sua vida e ministério.
2.3. A renovação da mente
Passar a viver a fé em Jesus Cristo
envolve a renovação da mente. Devemos entender que quando alguém recebe Cristo,
ele é regenerado pela Palavra, isto é, nasce como uma criança no reino de Deus.
E como todo bebê precisa ser alimentado para o seu pleno desenvolvimento,
assim, o novo convertido precisa ser alimentado para o seu pleno
desenvolvimento espiritual. Isso significa que o espírito humano é renovado e
recebe uma nova disposição e entendimento das coisas de Deus, as quais antes
eram impedidas pela cegueira do pecado, da incredulidade e a atuação maligna
(2Co 4.3,4). Entretanto, essa mente não é transformada por um milagre, mas com
esforço pessoal, pois Paulo diz o seguinte: “sede transformados pela renovação
do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1,2).
Rm 12.1,2 - Rogo-vos, pois, irmãos,
pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
E não vos conformeis com este século,
mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual
seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
(v. 1). Antes de crer em
Cristo, usávamos o corpo para prazeres e propósitos pecaminosos; agora que
pertencemos ao Senhor, usamos o corpo para sua glória. O corpo do cristão é o
templo de Deus (1 Co 6:19, 20), pois o Espírito de Deus habita nele (Rm 8:9). É nosso
privilégio glorificar e engrandecer a Cristo com nosso corpo (Fp 1:20, 21).
Assim como Jesus Cristo precisou ter
um corpo para realizar a vontade de Deus na Terra, também devemos entregar o
corpo a Cristo para que possa continuar a obra de Deus por meio de nós. Devemos
entregar os membros de nosso corpo como "instrumentos de justiça" (Rm 6:13)
para o Espírito Santo realizar a obra de Deus. Os sacrifícios do Antigo
Testamento eram sacrifícios mortos, mas devemos ser sacrifícios vivos.
Há dois "sacrifícios vivos"
na Bíblia que ajudam a entender o verdadeiro significado desse conceito. O
primeiro é Isaque (Gn 22); o segundo é nosso Senhor Jesus Cristo. Isaque
colocou-se voluntariamente no altar e se mostrou disposto a morrer em obediência
à vontade de Deus, mas o Senhor enviou o cordeiro que tomou seu lugar. Ainda
assim, Isaque "morreu" para si mesmo e se entregou prontamente à
vontade de Deus. Quando saiu do altar, Isaque era um "sacrifício
vivo" para a glória de Deus.
É evidente que o Senhor Jesus Cristo
é a ilustração perfeita de um "sacrifício vivo", pois, na verdade, morreu
como sacrifício em obediência à vontade do Pai. No entanto,
ressuscitou e hoje esta no céu como "sacrifício vivo", levando
ainda em seu corpo as marcas do Calvário. Ele é nosso Sumo Sacerdote
(Hb 4:14-16) e nosso Advogado (1 Jo 2:1) diante do trono de Deus.
O termo "apresentar", neste
versículo, significa "apresentar-se de uma vez por todas". Ordena
uma entrega definitiva do corpo ao Senhor, como os noivos se entregam um ao
outro na cerimonia de casamento. E essa entrega definitiva que determina o
que fazem com o corpo. Paulo apresenta dois motivos
para essa consagração: (1) é a atitude certa diante de tudo o que
Deus fez por nós "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas
misericórdias de Deus; (2) essa entrega é nosso "culto racional" ou
nossa ''adoração espiritual", o que significa que, quando consagramos
nosso corpo ao Senhor, cada dia é uma experiência de adoração.
(V. 2a). O mundo quer
controlar nossa mente, mas Deus quer transformá-la (ver Ef 4:17-24; Cl 3:1-11).
O termo traduzido aqui por transformar é o mesmo traduzido por transfigurarem
Mateus 17:2. Em nossa língua, equivale à palavra "metamorfose".
Descreve uma mudança que ocorre de dentro para fora. O mundo deseja mudar nossa
mente e, para isso, exerce pressão externa. Mas o Espírito Santo transforma
nossa mente, liberando poder interior. Se o mundo controla nossa maneira de
pensar, somos conformados, mas se Deus controla nossa maneira de pensar, somos
transformados.
Deus transforma nossa mente e a
focaliza nas coisas espirituais usando sua Palavra. Ao passar tempo meditando
sobre a Palavra de Deus, memorizando-a e assimilando-a em nosso ser interior,
aos poucos, Deus torna nossa mente cada vez mais espiritual (ver 2 Co 3:18).
(v. 2 b). A mente controla o
corpo e a volição controla a mente. Muitas pessoas acreditam que podem
controlar a volição pela "força de vontade", mas normalmente não são
bem-sucedidas. (Essa é a experiência que Paulo relata em Rm 7:15-21.) Somente
quando entregamos nossa volição a Deus é que seu poder assume o controle e nos
dá a força de vontade de que precisamos para ser cristãos vitoriosos.
Entregamos nossos desejos a Deus pela
oração disciplinada. Ao passarmos tempo em oração, entregamos a Deus nossa
volição e oramos como Jesus Cristo: "Faça-se a tua vontade, e não a
minha". Devemos orar sobre todas as coisas e permitir que Deus faça o lhe
aprouver em todas as coisas.
Em muitas culturas, para o adorador
se aproximar de determinada divindade, oferecia-se sacrifício de animais. Isso
para o judeu era algo perfeitamente compreensível, visto que fazia parte de sua
liturgia religiosa, no templo, a prática do
oferecimento de sacrifícios. Note que a ideia original de oferta e de
sacrifício em Paulo permanece, mas agora o crente era Jesus é
a oferta viva, oferta santa e oferta que agrada a Deus através do culto
racional. A ideia de “culto racional” é profunda, pois, pelo latim, traz
consigo o sentido de cultivo, cuidado, honrado e venerado. Já culto, corno está
no texto em grego “latreian”, tem o sentido de serviço assalariado ou serviço a
Deus. Sendo assim, podemos concluir que: seja o cultivo ou serviço a Deus, isso
deveser feito de maneira racional, lógica, mas constante, pois a vida não para.
A pedagogia de Paulo não é milagreira,
mas passa um conteúdo capaz de transformar vidas. Parece contraditório isso,
mas a explicação é que não se trata do trabalho de Paulo apenas, e sim, da graça
de Deus que opera através da sua vida e suas palavras.
3.1. O Conteúdo do evangelho
Falamos acima sobre a importância da
renovação da mente. Mas qual o conteúdo usado por Paulo e demais apóstolos
capaz de operar isso? Como também já dissemos Jesus é o tema central de seu
conteúdo pedagógico, que se apoia no cumprimento fiel das profecias do Antigo
Testamento, pelo fato de que Jesus morreu e ressuscitou de acordo com
testemunho de muitos fiéis (ICo 15.3-8), um ensino que gera esperança e nutre a
fidelidade a Deus. Todavia há três tipos principais do ensino evangélico
paulino: primeiro, através do próprio exemplo piedoso de quem ensina, nesse
aspecto, o próprio Paulo se oferece como um modelo (ICo 4.16; 11.1); segundo,
aqueles destinados a instruir, eliminando dúvidas e a responder questões, como
por exemplo, sobre a ressurreição, costumes locais, etc.; terceiro, aqueles
ensinos com peso dogmático, ético, ou seja, para obedecer-se. Esses três
modelos de ensino continua, e jamais devem deixar de ser empregados na igreja.
ICo 15.3-8 - (v. 3, 4). A
expressão antes de tudo significa "o que é de suma importância". O
evangelho é a mensagem mais importante que a Igreja pode proclamar. Apesar de
o envolvimento com as ações sociais e com o aperfeiçoamento humano ser algo
louvável, não há motivo algum para esses ministérios tomarem o lugar do
evangelho. "Cristo morreu [...] foi sepultado [...] ressuscitou [...] e
apareceu [...]" - esses são os fatos históricos fundamentais nos
quais o evangelho encontra-se apoiado (1 Co 15:3-5). "Cristo morreu pelos
nossos pecados", essa é a explicação teológica dos fatos históricos. Os
romanos crucificaram muita gente, mas apenas uma dessas "vítimas"
morreu pelos pecados do mundo.
Quando Paulo escreveu "segundo
as Escrituras" (1 Co 15:3), referia-se às Escrituras do Antigo Testamento.
Grande parte do sistema sacrificial do Antigo Testamento apontava para Cristo
como nosso substituto e Salvador. Também deve ter se lembrado do Dia da
Expiação, observado anualmente (Lv 16), e de profecias como Isaías
53.
Mas em que parte do Antigo Testamento
é declarada a ressurreição de Cristo no terceiro dia? Jesus fala da experiência
de Jonas (Mt 12:38-41). Paulo também compara a ressurreição de Cristo
com as primícias apresentadas a Deus no dia depois do shabbath seguinte à
Páscoa dos judeus (Lv 23:9-14; 1 Co 15:23). Uma vez que o shabbath
deve ser sempre o sétimo dia, então o dia depois do shabbath é,
necessariamente, o primeiro dia da semana, ou seja, o domingo, o dia da
ressurreição de Cristo. No calendário judaico, esse período equivale a três
dias. Além da Festa das Primícias, havia outras profecias sobre a ressurreição
do Messias no Antigo Testamento: Salmos 16:8-11 (ver At 2:25-28); Salmos 22:22ss
(ver Hb 2:12); Isaías 53:10-12 e Salmos 2:7 (ver At 13:32, 33).
(v. 5-8). Na cruz, Jesus
ficou exposto aos olhos dos incrédulos; mas, depois da ressurreição, foi visto por seus seguidores, que poderiam dar
testemunho da ressurreição do Mestre (At 1:22; 2:32; 3:15; 5:32). Tanto Pedro
quanto os outros apóstolos viram o Cristo ressurreto. Tiago era o meio-irmão
de Jesus que se converteu depois que Jesus apareceu a ele (Jo 7:5; At 1:14). Mais
de quinhentos irmãos e irmãs o viram ao mesmo tempo (1 Co 15:6), de modo
que pode ter sido uma alucinação ou um engano. É possível que esse
acontecimento ocorrido antes da ascensão de Cristo Mt 28:16ss).
Todavia, uma das principais da
ressurreição foi o próprio Paulo, antes de ser salvo, estava plenamente
convicto de que Jesus continuava morto, mudança radical em sua vida, formação
que lhe causou sofrimento e perseguições, sem dúvida é prova de que Jesus, de
fato, havia ressuscitado dentre os mortos.
ICo 4.16 - Admoesto-vos,
portanto, a que sejais meus imitadores.
“Exorto-vos, pois: sede meus
imitadores”. Paulo reitera isso em 1Co 11.1 e declara igualmente aos filipenses
(Fp 3.17), aos gálatas (Gl 4.12) e com vistas aos tessalonicenses (1Ts 1.6).
Pessoas renascidas não se encontram mais sob a lei. Não se deve dar-lhes, como
na instrução rabínica, uma multidão de preceitos específicos, aos quais tenham
de seguir. Porém, de acordo com quem hão de conduzir-se em sua nova vida? De
acordo com pessoas vivas que lhes servem de exemplo na vida de fé! Também nisso
têm a liberdade de ser, filhos que imitam espontaneamente os pais, crescendo
assim na vida correta.
3.2. O lado pragmático do evangelho
O ensino de Paulo é prático e deve ser
acatado pelos crentes em Jesus, que por sua vez, devem ir “na contra-mão” do
curso deste mundo. Os cristãos não devem tomar como modelo as formas pagãs tão
modernizadas e correntes, tão momentâneas que refletem o domínio do espírito
que permeia este mundo sem Deus. Atualmente, a arqueologia tem encontrado
vestígios claros que demonstram a licenciosidade em muitos lugares do tempo de
Paulo no Império Romano, isso sem contar o muito da literatura daquela época
existente também em nossos dias. Diante disso, devemos a cada dia, mais e mais
nos identificar com o Filho de Deus, abandonando todo pecado do século presente
e buscando insaciavelmente níveis profundos de transformação segundo a imagem
de Jesus Cristo, nosso Senhor.
3.3. Objetivo de um ensino
transformador do evangelho
Principalmente na Carta aos Romanos,
encontramos de uma maneira bem organizada os objetivos de um viver
transformado. Primeiro todo homem deve viver para agradar a Deus e a vida em
comunhão com o Espírito de Deus é que possibilita isso (Rm 8); segundo, essa
nova vida em comunhão com Cristo segundo o poder do Espírito Santo é o único
meio eficaz de se vencer as paixões da nossa natureza pecaminosa (Rm 8; G1
5.16); terceiro, a vida assim, como expusemos, é o único meio de produzir
frutos para Deus através das virtudes cristãs, a única maneira de glorificar o
seu nome. Isto se dá pela expressão de emoções sadias tais como amar, ser
benigno e alegre com o nosso próximo; pela demonstração de virtudes individuais
pelo domínio próprio, mantendo-se longe de vícios de todo o tipo; pelas
virtudes demonstradas num relacionamento falando a verdade sempre, sendo
paciente e honesto; e por fim, pelas atitudes religiosas corretas, tais como
fugir da idolatria e feitiçaria.
O conteúdo do evangelho não consiste
apenas na parte teórica, e sim prática. Devemos considerar que o evangelho foi
primeiramente vivido, depois de vários anos as histórias foram organizadas e
escritas. A dinâmica. da vida exige um evangelho dinâmico, prático sem deixar de ser profundo ao mergulhar em suas águas
de conhecimento.
Conclusão
O maior alvo do evangelho em relação ao
homem é torná-lo perfeito em Jesus Cristo através da justificação pela fé. Onde
houver um coração sem Cristo, há ali uma terra cultivável para o
desenvolvimento das convicções que toma o homem melhor. O maior alvo do
evangelho em relação a Deus é promover a sua glória através do conhecimento de
Cristo para a obediência da fé.
QUESTIONÁRIO
1. Segundo o evangelho de Paulo, por
que o homem precisa da justificação?
R. Porque todos são pecadores e estão
sob condenação.
2. Jesus
Cristo foi o preço pago para quê?
R. Para a nossa justificação.
3. Quem disse, “creio porque é
absurdo...”?
R. Tertuliano
4. Cite um dos três tipos principais do
ensino Paulino:
R. Paulo se oferece como
modelos; ensinos que visam à instrução ou eliminação de dúvidas; ensinos para
serem obedecidos.
5. Como é possível segundo o evangelho
de Paulo viver para agradar a Deus?
R. Através da comunhão com o Espírito
Santo.
REFERÊCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 4º Trimestre de 2012,
ano 22 nº 85 – Jovens e Adultos – Apóstolo Paulo.
Comentário Bíblico Expositivo –
Warrem W. Wiersbe
O Novo Testamento Interpretado
Versículo Por Versículo - Russell Norman Champlin
Comentário Esperança - Novo
Testamento
Comentário Bíblico Matthew Henry -
Novo Testamento
Comentário Bíblico - F. B. Meyer
Bíblia – THOMPSON (Digital)
Bíblia de Estudo Pentecostal – BEP
(Digital)
Dicionário Teológico – Edição revista
e ampliada e um Suplemento Biográfico dos Grandes Teólogos e Pensadores – CPAD
- Claudionor Corrêa de Andrade
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