LIÇÃO 8 – 25 de maio de 2014
Complexo de culpa, o tormento
da alma humana
TEXTO AUREO
“E, para
que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho
na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de não
me exaltar.” 2 Co 12.7
VERDADE APLICADA
Não se
pode permitir que acontecimentos anteriores à conversão continuem punindo o
Homem, uma vez que já somos purificados pelo sangue de Jesus.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
► Definir o que é complexo de culpa;
► Explicar como este complexo atua no indivíduo;
► Mostrar como Deus age na vida de quem sofre com o complexo.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
2Co 12.6 - Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a
verdade; mas deixo isso, para que ninguém cuide de mim mais do que em mim vê ou
de mim ouve.
2Co 12.7 - E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações,
foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me
esbofetear, a fim de não me exaltar.
2Co 12.8 - Acerca do qual três vezes orei ao Senhor, para que se desviasse de
mim.
2Co 12.9 - E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se
aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas
fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.
Introdução
Esta lição
irá abordar um tema recorrente no meio da Igreja: complexo de culpa. Esta é uma
das enfermidades da alma que mais atinge o povo de Deus. Muitos de nós, devido
a uma vida pregressa mergulhada no pecado, têm dentro de si motivos para
achar-se responsável por algo ocorrido no passado. O que resulta numa constante
cobrança interna, prejudicando o desenvolvimento e o bem estar da vida cristã.
No entanto, à luz da Palavra de Deus, o homem encontra refrigério quando,
através do arrependimento, supera o sentimento de culpa que o atormentava.
OBJETIVO
► Definir o que é complexo de culpa;
1.
Arrependimento, uma decisão necessária.
ARREPENDIMENTO
Decisão de
mudança total de atitude e de vida, em que a pessoa, por ação divina, é levada
a reconhecer o seu pecado e a sentir tristeza por ele, decidindo-se a
abandoná-lo, baseando sua confiança em Deus, que perdoa.
Em muitos
casos, é possível observar que nem todos os indivíduos conseguem passar pelo
processo de arrependimento. Há casos em que, mesmo identificando o mal
cometido, o sujeito não chega ao arrependimento, agindo como se nada houvesse
acontecido. Tornam-se situações preocupantes quando a pessoa passa a nutrir
contra si mesma sentimentos negativos relacionados com o complexo, resultando
em uma mágoa tão profunda contra si que produzirá um sintoma semelhante ao de
depressão, gerando a sensação de vazio ou, muitas vezes, de perda por não ter
tomado a atitude no momento oportuno. O primeiro passo para superar o
sentimento de cupa é reconhecer o erro (Pv 28.13 Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os
abandona encontra misericórdia.).
1.1. Como
age a culpa?
CULPA
Estado daquele
que é culpado. Responsabilidade de um ato ou uma omissão de um
crime.
O
sentimento de culpa atinge drasticamente as emoções do homem (SI 38.18Confesso a minha culpa; em angústia estou por causa do meu pecado.). O indivíduo sofre com uma dor extrema que acomete diretamente a alma.
Por isso relacionamos esse tipo de complexo à enfermidade da alma. Tal
sentimento leva, muitas vezes, a incapacidade do indivíduo de sentir-se
completamente feliz, fazendo-o crer que jamais se livrará deste sentimento (ISm
1.15a Ana respondeu: Não se trata disso, meu
senhor. Sou uma mulher muito angustiada.) e,
consequentemente, estará fadado a viver uma vida miserável, já que a culpa não
o permite se esquecer do seu pecado (Is 59.12 Sim, pois são muitas as nossas transgressões diante de ti, e os nossos
pecados testemunham contra nós. As nossas transgressões estão sempre conosco, e
reconhecemos as nossas iniquidades:).
O pecado
zomba e se multiplica (12). “Os loucos zombam do pecado” (Pv 14.9), mas, no fim
das contas, o pecado zomba do louco, porque os nossos pecados
testificam contra nós (12). O pecado na sua segunda edição é sempre
mais grave do que na primeira. Tanto Daniel como Esdras citam essa passagem de
Isaías (cf. Dn 9.5-15 e Ed 9.6-15). “Nossa culpa se avoluma diante de nós,
nossos pecados nos acusam; a vergonha nos assola; confessamos nossa
iniquidade”.
O
sentimento que a culpa provoca afasta cada vez mais o homem da presença de
Deus. Por isso é necessário que haja um novo encontro com o Senhor, afim de que
se possa desenvolver uma nova vida sem culpa e totalmente restaurada (Mt
11.28). No caso de Adão, Deus impôs um novo começo para que, em nova condição,
pudesse se livrar da culpa e restituir a sua comunhão com Ele (1 Co 5.17).
1.2. Inerte
ao arrependimento
INERTE
Não tem
atividade; parado.
Em casos
de inércia ao arrependimento, o indivíduo não demonstra que se arrependeu pelo
que fez ou deixou de fazer. No entanto carrega em si uma dor extrema que faz
com que ele não se esqueça da atitude tomada. Embora não tenha arrependido, a
culpa produz uma série de sentimentos desagradáveis, o que acaba caracterizando
o complexo de culpa (lRs 21.27 Quando Acabe
ouviu essas palavras, rasgou as suas vestes, vestiu-se de pano de saco e
jejuou. Passou a dormir sobre panos de saco e agia com mansidão.).
A princípio,
Acabe não demonstrou culpa, pois sua ganância era tamanha que não percebeu o
mal que havia cometido, talvez possa ter pensado que a culpa pela morte de
Nabote era de Jezabel. No entanto, ao perceber seu erro através das palavras do
profeta Elias, foi tomado de intensa dor e sofrimento causados pelo complexo de
culpa.
1.3.
Peculiaridades importantes do complexo de culpa
COMPLEXO
DE CULPA
O complexo
de culpa mais comum e que preocupa mais é aquele que a pessoa nutre em relação
a si. Traduz-se numa mágoa profunda, depressão e sentido de vazio.
Biblicamente
podemos destacar dois tipos de reações que o ser humano apresenta em relação ao
complexo de culpa: a primeira reação é aquela que produz arrependimento, diz
respeito à culpa Teológica. Trata-se da convicção de ter cometido pecado contra
Deus, se seguida de confissão, produz alívio e conduz à vida e à salvação (Mt
11.28-29 “Venham a mim, todos os que estão
cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu
jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês
encontrarão descanso para as suas almas.). A
segunda reação é aquela que produz remorso (Mt 27.3 Quando Judas, que o havia traído, viu que Jesus fora condenado, foi
tomado de remorso e devolveu aos chefes dos sacerdotes e aos líderes religiosos
as trinta moedas de prata.), diz respeito à culpa
antropológica (humana). Trata-se de uma decepção profunda em que o ser humano
nutre um medo incontrolável de não conseguir mudar a realidade resultante de
seus atos e atitudes (Mt 27.4 E disse:
“Pequei, pois traí sangue inocente”. E eles retrucaram: “Que nos importa? A
responsabilidade é sua”.). Levando-o a enfrentar
sentimentos desagradáveis de pesar, vergonha, tristeza e autocondenação.
Exemplifique
para os alunos destacando a diferença entre a atitude de Pedro, que se
arrependeu de ter negado Cristo, e a atitude de Judas que sentiu remorso por
ter traído Cristo. Destaque que o arrependimento produz alívio e salvação com
pleno perdão (Rm 8.1) enquanto o remorso provoca desarranjo mental, resultando
no suicídio ou na morte (Mt 27.5).
OBJETIVO
► Explicar como este complexo atua no indivíduo;
2.
Detectando o complexo de culpa
Em muitos
casos, pode não parecer que um sentimento ou uma tristeza caracterize algo
grave, contudo, qualquer tipo de interferência em nosso comportamento natural
deve ser levado em conta. Ao sentir-se frustrado por um motivo aparentemente
fútil, o indivíduo pode ser acometido de graves consequências.
Quando há
o conhecimento que um ser está sendo atingido psicologicamente, deve-se
investigar as possíveis causas, afim de buscar o tratamento adequado. Dando-lhe
a oportunidade de um novo direcionamento. Nesses casos, a busca pela mudança é
imprescindível, pois é encarando a verdade que o indivíduo encontrará
libertação do complexo de culpa.
2.1. O
complexo em Paulo
No caso do
Apóstolo Paulo, ele buscou, em Deus, o perdão pelos seus atos anteriores. A sua
conversão ficou como um exemplo claro de que, se nos voltarmos ao Senhor para
fazer a sua vontade, teremos os nossos pecados completamente esquecidos por Ele
(Hb 8.12 Porque eu lhes perdoarei a maldade e não
me lembrarei mais dos seus pecados”). Para
tanto, é fundamental que saiamos da nossa idiossincrasia e caminhemos em
direção à verdade para que a Palavra se cumpra em nós (lJo 1.7) “Mas, se
andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o
sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.”
2.2. O
relato de Paulo
Ao nos
mostrar a sua angústia (2Co 12.7 Para impedir
que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um
espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar.) o Apóstolo demonstra que se encontrava, como podemos dizer, em um
“beco sem saída”. Ao ser confrontado por aqueles a quem chamava de emissário de
Satanás, Paulo não esconde o seu sentimento de culpa ao reconhecê-la como um
espinho na carne em relação ao que cometeu no seu passado tenebroso (At 8.1 e 3 1 Naquela ocasião desencadeou-se grande perseguição contra a igreja em
Jerusalém. Todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia
e de Samaria. 3 Saulo, por sua vez, devastava a igreja. Indo de casa em casa,
arrastava homens e mulheres e os lançava na prisão.). A personalidade forte do, então, líder dos perseguidores dos cristãos
fazia dele um homem cruel capaz de realizar as piores de todas perversidades
com aqueles que mais tarde se tomariam seus irmãos. Um fato importante e que
deve ser observado é que Paulo teve o seu chamado direcionado aos gentios (Rm
11.13-14 Estou falando a vocês, gentios. Visto que
sou apóstolo para os gentios, exalto o meu ministério, na esperança de que de
alguma forma possa provocar ciúme em meu próprio povo e salvar alguns deles.), no entanto sabemos que isso não tirou dele o desejo de alcançar os
seus irmãos judeus, os quais com maior intensidade perseguia quando alguns
deles se convertiam ao cristianismo (At 7.58 arrastaram-no para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As
testemunhas deixaram seus mantos aos pés de um jovem chamado Saulo.).
2.3. O
espinho na carne
As
lembranças das maldades cometidas feriam intensamente Paulo, causando nele uma
dor intensa e profunda como que se um espinho o estivesse ferindo, podemos aqui
exemplificar as palavras do emissário de Satanás em seu ataque ao Apóstolo.
“Veja só, agora fica aí dando uma de bom moço, pregando a esse Jesus, andando
lado a lado desse povo que se diz povo escolhido. Já se esqueceu de que fostes
um dos maiores algozes deles?” Estas palavras certamente causavam-lhe uma
tremenda dor, pois lhe traziam a lembrança dos seus atos cometidos no passado,
reforçando, assim, o seu complexo de culpa. Paulo tinha certeza de que o Senhor
lhe havia perdoado todo pecado, todavia sua alma continuava sofrendo sempre que
lhe era lançado em rosto os seus feitos. A atitude de Paulo foi, após orar,
contar a todos o que acontecia em seu interior e, assim, expulsar os maus sentimentos
de sua vida (Tg 5.16a Portanto, confessem os seus pecados
uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados.).
“Mas de
mim mesmo não me gloriarei, senão das minhas fraquezas.” 2Co 12.5b; em suas
palavras Paulo demonstra ter conhecimento de que o fato de ter tido um passado
vergonhoso, fazia dele um alvo ideal para os ataques do inimigo, entretanto, ao
reconhecer a sua fraqueza, o Espírito o fortalecia para resistir aos ataques do
maligno.
OBJETIVO
► Mostrar como Deus age na vida de quem sofre com o complexo.
3. Ação de
Cristo Jesus
A história
de Paulo nos mostra como Jesus age na vida de quem Ele tem um propósito. Às
vezes, podemos pensar que o Senhor não está respondendo às nossas orações, no
entanto vemos Paulo nos contando que já havia orado algumas vezes sobre esse
problema e a resposta foi “a minha Graça te basta” (2Co 12.9). Não sabemos se
essa era a resposta por que ele esperava, contudo o que sabemos é que no
momento levou-o a uma importante conclusão e reflexão: a Graça é suficiente
para nos curar de todos os males, porque é superior a qualquer culpa (Rm 5.20 A Lei foi introduzida para que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde
aumentou o pecado, transbordou a graça,).
3.1. A
ação do Espírito Santo
A resposta
vinda do Senhor levou o apóstolo a entender que o fato de sentir culpa pelos
atos do passado não o deveria afastar do convívio com os seus irmãos e muito
menos o tirar do centro da vontade de Deus (2Co 12.12 As marcas de um apóstolo sinais, maravilhas e milagres foram
demonstradas entre vocês, com grande perseverança.). Deus queria que ele fizesse a obra a ele destinada. O reconhecimento,
por sua parte, de que, na sua fraqueza, era fortalecido pelo Espírito fez com
que sentisse força para lutar contra o seu complexo de culpa. A vitória de
Paulo fica clara quando declara que o seu viver é Cristo e que não temia a
morte, pois a sua morte era vitória para vida eterna (Fp 1.21 porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro.) a certeza do Apóstolo dava-lhe a plena convicção que o seu ministério
haveria de ser aprovado pelo Mestre. “Combati o bom combate, acabei a carreira,
guardei a fé” (2Tm 4.7).
Podemos
concluir que a libertação do complexo se deu pelo fato de Paulo ter permanecido
em comunhão com os irmãos; não dando ouvidos ao emissário de Satanás. A
comunhão é também um eficaz remédio para cura das doenças apresentadas com
enfermidades da alma.
3.2. O
poder aperfeiçoado
Agora de
posse do poder de Cristo, Paulo segue adiante com o propósito de Deus traçado
para sua vida, o resgate de muitos para o Reino dos Céus (2Co l2.15 Assim, de boa vontade, por amor de vocês, gastarei tudo o que tenho e
também me desgastarei pessoalmente. Visto que os amo tanto, devo ser menos
amado?). Ironicamente a culpa que lhe era
imposta pelas lembranças trazidas a sua mente pelo emissário de Satanás agora
funcionava como combustível para realização de seu trabalho em prol do Reino de
Deus.
3.3. Como
o Espírito Santo nos capacita
Paulo
continua nos mostrando que tinha consciência de que suas obras eram importantes
para o crescimento da igreja (2Co 12.11b Eu devia ser
recomendado por vocês, pois em nada sou inferior aos “superapóstolos”, embora
eu nada seja.), no entanto reconhece também que
essas obras eram de inteira responsabilidade do Espírito Santo que agia em sua
vida. Paulo, ainda, esclarece que o fato de permitir que o Espírito o usasse,
tornava-o, em muitas situações, mais eficiente na realização daquilo que se
havia proposto a fazer. A comunhão restabelecida entre o, agora, Ministro de
Deus e o Criador foi determinante na aquisição da cura do complexo que ele
carregava, permitindo-lhe total libertação de suas lembranças indesejadas para
uma maior eficácia do seu ministério.
Podemos
usar, nesse caso de Paulo, o termo resiliência, este é aplicado na ciência dos
materiais que significa a propriedade de um corpo de recuperar a sua forma
original após sofrer choque ou deformação. Atualmente as ciências humanas têm
feito uso desse termo para explicar a capacidade que o indivíduo desenvolve
para se recuperar das adversidades, transformando o mal sofrido ou praticado em
força contrária em busca de uma nova realidade.
Conclusão
Ao orar
por três vezes ao Senhor, Paulo estava tentando obter uma resposta do Criador
por que não conseguia se livrar das lembranças que o atormentavam, ao receber a
resposta “minha Graça te basta”, percebeu que já tinha tudo que precisava para
realização da obra de Deus. Isso nos mostra que a Graça é suficiente para nos
livrar de todo e qualquer mal que possa afligir a alma.
QUESTIONÁRIO
1. O que
pensa o indivíduo que não consegue se livrar da culpa?
R. Que
está condenado a uma vida miserável de pecado, Rm 8.24.
2. Como
Deus se posiciona em relação aos nossos pecados quando nos convertemos?
R. Ele os
esquece completamente, Hb 8.12.
3. O que
acontecia com Paulo quando se lembrava de suas maldades?
R. Sentia
uma dor profunda, como se um, espinho o estivesse ferindo.
4. Qual
foi a resposta de Deus a oração de Paulo?
R. A minha
Graça te basta, 2Co 12.9.
5. O que
fazia de Paulo eficiente na realização da obra do Senhor?
R. O fato
de permitir que o Espírito o usasse.
REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora
Betel 2º Trimestre de 2014, ano 24 nº 91 – Jovens e Adultos - “Dominical”
Professor – ENFERMIDADES DA ALMA Identificando os distúrbios emocionais e
confrontando-os com soluções divinas e bíblicas.
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