LIÇÃO 6 – 17 de novembro de 2013
A sabedoria de Abigail e a justiça de Deus
Comentarista: Pastor Dr. Abner de
Cássio Ferreira
TEXTO AUREO
“Não te deixes vencer do mal, mas
vence o mal com o bem”. Rm 12.21
VERDADE
APLICADA
O poder contagiante da gentileza
aliado a força de um coração bondoso pode desarmar o mais perverso dos homens.
OBJETIVOS DA
LIÇÃO
► Ensinar que a ira pode nos
tornar insanos, e nos levar a uma ação descontrolada e covarde;
► Explicar que fazer justiça
com as próprias mãos é uma atitude anticristã;
► Mostrar que Deus ainda usa
pessoas cheias de Sua graça para nos falar ao coração.
TEXTOS DE
REFERÊNCIA
ISm 25.10 - E Nabal respondeu aos criados de Davi, e disse: Quem é Davi, e
quem é o filho de Jessé? Muitos servos há hoje, que fogem ao seu senhor.
ISm 25.11 - Tornaria eu, pois, o meu pão, e a minha água, e a carne das minhas
reses que degolei para os meus tosquiadores, e o daria a homens que eu não sei
donde vêm?
ISm 25.12 - Então os moços de Davi puseram-se a caminho e voltaram, e
chegando, lhe anunciaram tudo conforme a todas estas palavras.
ISm 25.13 - Por isso disse Davi aos seus homens: Cada um cinja a sua espada. E
cada um cingiu a sua espada, e cingiu também Davi a sua; e subiram após Davi
uns quatrocentos homens, e duzentos ficaram com a bagagem.
Introdução
Davi é informado que Nabal estava
tosquiando as ovelhas, isso significava que uma parte do lucro seria dividida
entre aqueles que protegiam seu campo. Ele envia dez de seus moços a falar em
seu nome com Nabal, que o ignora e se omite em recompensá-lo. Davi é informado
e vem para matá-lo, mas é contido por Abigail, mulher de Nabal. Nesta lição,
analisaremos essa nova fase da vida de Davi, e como ele é impedido de sujar as
mãos de sangue inocente pela sabedoria de Abigail.
1. Davi, o protetor de Nabal
Ainda fugitivo, todavia, já com
um exército de proscritos treinados em uma caverna, Davi se torna uma espécie
de segurança patrimonial juntamente com seus homens. Saul ainda era rei, e Davi
junto a seus homens lutavam contra as várias tribos no deserto de Parã. Nesse
tempo, Davi estava por trás das cenas, e, em troca de alimento, ele e seu bando
protegia os pastores dos ataques selvagens contra seus rebanhos e suas aldeias.
Veiamos como era naquele tempo.
1.1. Protegendo rebanhos
“Aqueles homens têm-nos sido
muito bons, e nunca fomos agravados por eles, e nada nos faltou em todos os
dias que convivemos com eles quando estavam no campo. De muro em ledor nos
serviram, assim de dia como de noite, todos os dias que andamos com eles apascentando
as ovelhas” (ISm 25. 15.16). Segundo o costume da época, quando havia uma
tosquia de ovelhas, era comum que o proprietário dos animais separasse uma
parte do lucro e repassasse para os protetores de seu rebanho. Era um modo de
mostrar gratidão e reconhecimento, embora não houvesse nada formalizado que
obrigasse o pagamento. Davi e seus homens davam proteção aos pastores de Nabal,
homem muito rico, contudo a mesquinhez de Nabal não o deixava pagar pela
proteção. Ele era avaro e a avareza é considerada uma idolatria, é o desejo
demasiado de adquirir e acumular riquezas (Cl 3.5; Ef 5.3-5).
Nosso mundo está cheio de
pessoas da estirpe de Nabal. Pessoas que vive plenamente a lei da selva, onde
cada um deve se virar e lutar pelo que é seu. Pessoas que consideram
proprietárias de tudo: “minha, carreira, meus sonhos, minhas coisas'’; pessoas
que acreditam que tudo tem que ser de seu jeito, de seu agrado e de acordo com
sua agenda. Nabal em aquele tipo de pessoa que jamais evitou que alguém se
irritasse com ele, que conseguia estragar qualquer relacionamento, que, embora,
muito rico e abastado, viveu para justificar seu nome, que em hebraico
significa: “tolo”. Para Nabal a pior coisa que existia, era ter que dividir
algo com alguém, mesmo que esse alguém merecesse.
1.2. A grosseria de um homem rico
Embora fosse descendente de
Calebe, Nabal nada tinha do espírito daquele herói. Ele possuía grande riqueza,
mas tinha pouco juízo. Ele simplesmente ignorou o trabalho de Davi e seus
homens, e não ficava bem que o rico criador de ovelhas obtivesse todas as
vantagens e deixasse de fazer retribuição e, pior que isso, rematasse a
injustiça com um gesto tão grosseiro. Até mesmo seus pastores foram muito
claros quanto ao benefício que Davi e seus homens lhes haviam feito (ISm
25.7,15,16). Sua grosseria e atitudes de menosprezo justificaram a opinião que
a respeito dele tinham todos aqueles que o conheciam mais de perto. Em
resposta, Davi toma a espada para vingar o insulto, uma atitude totalmente
aquém daquele que foi chamado para empunhar a espada cm defesa dos fracos.
Devemos ter o cuidado de não sermos contagiados pela ira. Ela pode nos tomar
insanos, e nos levar a uma ação descontrolada e covarde. Por um momento, Davi
esqueceu a unção e deu lugar a ira. Cuidemos para não cair no laço da ira!(Mt
5.22).
1.3. Justiça com as próprias mãos
Davi é informado por seus
mensageiros que Nabal ridiculariza seus préstimos e, ainda por cima, ignora-o,
fingindo que nunca ouviu falar dele, comparando seus homens com escravos
fugidos e vagabundos. He não precisou ouvir duas vezes. Juntou quatrocentos homens
e partiu ao encontro de Nabal dizendo: “Assim faça Deus aos inimigos de Davi, e
outro tanto, se eu deixar até amanhã de tudo o que tem, até mesmo um menino”,
(ISm 25.22). Davi perdeu o controle, ele tem quatrocentos homens para acabar
com apenas um, e ainda sentenciar todos os outros inocentes que por lá estão.
Aquele modelo magistral de paciência, que se recusava a revidar e contra-atacar
Saul, desapareceu de repente. Davi estava cego, louco e totalmente fora de
controle (Pv 14.17; 7.8,9). Amados! Não estamos falando de uma pessoa qualquer,
estamos falando de Davi. Precisamos compreender que, mesmo com unção e um
coração segundo Deus, ainda somos falíveis. Precisamos pensar antes de agir, e
jamais permitir que o ódio governe nossos corações.
2. Alimentando a ira de um
rei ferido
É importante salientar como somos
tão oscilantes em determinadas etapas de nossas vidas. Aquele mesmo Davi que
nos ensina a preciosa lição de não revidar ao ataque inimigo, de deixar que
Deus execute a justiça e que aprendeu a esperar no Senhor, agora está com
quatrocentos homens armados de espada para matar um homem armado apenas com a
insensatez (Pv 14.7a). Afinal, quem era realmente o insensato?
2.1. Abigail, uma pérola em meio
ao deserto
Nabal foi um homem que jamais se
importou com o que estava a sua volta, ele vivia para agradar a si mesmo, o que
proporcionava aos seus ter de viver tapando as brechas de sua insensatez. Porém
sua esposa Abgail era o oposto. Nabal era duro e maligno em suas atitudes,
Abigail era bela e inteligente, de decisões sensatas (ISm 25.3). Eles possuíam
temperamentos e comportamentos totalmente avessos. Abigail não possuía somente
beleza, tinha cérebro. A maior fortuna de Nabal não era suas posses, mas
Abigail, uma pérola rara que brilhava em meio ao lamaçal da péssima índole do
marido (Pv 18.22). Abigail não era uma pessoa governada por suas emoções, mas
por pensamentos lógicos, uma mulher que sabia a hora de agir e a maneira
correta de agir, que conhecia muito bem seu marido, e também sua posição como
mulher.
2.2. A atitude de uma mulher
Sábia
Quem era o líder da casa? Nabal.
Mas a quem os servos buscam para solucionar o conflito, a quem recorrem?
Abigail. E por quê? Porque Nabal era inacessível. Ela conhece bem seu marido,
sabe de suas limitações e fraquezas, porém, com muita graça não o critica, e
ainda o protege. Que mulher sábia! Ela se apressa, sabe que os minutos são
preciosos. Seu lado prático de sabedoria já lhe diz o que fazer e o que dizer,
ela toma consigo um banquete e ao chegar diante de Davi se prostra dizendo:
“Ah! Meu senhor, caia a culpa sobre mim... não vi os moços de meu senhor que
enviaste” (ISm 25.24a; 25b). Abigail, além de não omitir as atitudes de seu
marido, porque todos o conheciam, tomou sobre si o peso de sua insensatez. Em
um tempo em que as pessoas se divorciam por incompatibilidades, e por nada se
desfaz um matrimônio, eis uma lição de graça e sabedoria.
2.3. Para cada Davi, existe uma
Abigail
Todo o desconforto gerado entre
Nabal e Davi ocorreu por causa de alimento. Era o dia do banquete; Davi e seus
homens estão famintos, mas são tratados como pessoas sem qualquer vínculo com o
rico fazendeiro. Abigail sabe muito bem que a única coisa que faz mais barulho
que a cavalgadura dos soldados de Davi, é o estômago deles. Então, o que ela
porta consigo além de beleza? Sabedoria e humildade. Ao prostrar-se diante de
Davi ela chama a si mesma de serva seis vezes, e oito vezes chamou a Davi de
“meu senhor” (ISm 25.24-31). Davi tem uma espada desembainhada, está prestes a
sujar as mãos de sangue inocente, mas Abigail sabiamente o impede e ainda o
recorda que futuramente será o rei de Israel (ISm 25.31). Essa é uma bela
revelação sobre os instrumentos que Deus usa para nos livrar dos maus caminhos,
que entram em nossas vidas, exercendo ministérios influenciados pelo Espírito Santo
para nos frear. Falando ao nosso coração, detendo-nos da corrida louca do
egoísmo.
Como Deus tem caminhos tão
avessos aos nossos! De onde ninguém esperava, surge rima mulher com uma
mensagem profética exatamente na hora em que Davi colocaria tudo a perder,
manchando suas mãos com sangue inocente. Se Abigail não estivesse ali, Davi
certamente teria exterminado não somente Nabal, mas todo seu povo. Que
maravilha saber que Deus envia pessoas tão inesperadas com uma mensagem do alto
para redirecionar nossas vidas e nos impedir de errar.
3. Lições que devemos
aprender
Abigail defendeu bravamente seu
marido, colocando-se entre ele e a morte. Resolveu o problema sem que ele
soubesse, pois o insensato estava tão bêbedo que ela não lhe pôde contar o que
aconteceu. Mas, pela manhã, quando sóbrio, ao saber do ocorrido, teve
literalmente um derrame, e aproximadamente dez dias depois, o Senhor o feriu
(ISm 25. 36-38). Vejamos algumas lições desse epsódio.
3.1. Davi aprendeu que
a vingança pertence a Deus
Por mais que sejamos afrontados,
não é uma atitude cristã tomar a espada e vingar o insulto. Despertado pelas
sábias palavras de Abigail, Davi compreende que Deus o está livrando de ser tão
insensato quanto Nabal (ISm 25. 32-34). E logo após a morte de Nabal, pôde
afirmar: “Bendito seja o Senhor, que pleiteou o pleito da minha afronta da mão
de Nabal, e deteve a seu servo do mal, fazendo o Senhor tornai' o mal sobre a
sua cabeça.” (ISm 25.39). Davi aprendeu que Deus sabe fazer justiça a seus
escolhidos, e nós aprendemos que uma decisão baseada na ira poderá manchar para
sempre a linda história que Deus está escrevendo sobre nós.
3.2. Aprendendo com Abigail
O que mais nos lastima é a
ausência de atitude de algumas pessoas em relação aos conflitos que lhes
surgem. Abigail nos ensina que, antes de tomar qualquer atitude, devemos
observar o quadro da situação por inteiro. Ela examinou os dois lados,
compreendeu a insensatez de seu marido e foi capaz de conter a ira de Davi. Ela
foi direto ao alvo. Eles estavam com fome, não adiantava argumentar, chorar ou
orar. Então ela levou comida. Ela tinha que resolver, não podia esperar pelo
marido, então agiu. O que Deus espera de nós em momentos como esse? Apenas uma
atitude e nada mais (Ec 11.4).
3.3. Davi se casa com Abigail
O que parecia uma tragédia
terminou de forma feliz tanto para Davi quanto para Abigail. Nabal morreu de um
ataque apoplético, provocado por sua devassidão e ira. Desse modo, Davi manda
buscar a Abigail e a toma como esposa, reconhecendo não somente seus feitos e
suas qualidades, mas acima de tudo grato a quem tanto devia. E, ela, graciosa e
humilde, aceitou, declarando-se indigna. O versículo 35 é a resposta do Senhor
a todos os que nEle se refugiam, e assim cada um se casa com Ele, depois que o
primeiro marido morre. Em um momento Abigail simboliza o Espírito Santo, que
desce até nós para nos impedir de tomar atitudes drásticas. Em outro, Abigail
representa a vida do pecador casado com insensatez.
A intercessão de Abigail por Nabal
diante do rei, muito nos lembra o que fez nosso Senhor por nós. Ele enfrentou a
morte por nós, e alcançou para cada um de nós o favor do Pai Abigail
não implora por justiça, mas par perdão, aceitando uma culpa que nunca foi sua. As palavras
de Abigail derretem o gelado coração de Davi, e quem mais teria
palavras capazes de fazer o nosso coração falando conosco pelo
caminho? (Lc 24.32b). Do mesmo modo que Abigail se ofereceu para ser punida
pelos pecados de Nabal, Cristo o fez por nós. Abigail desviou a ira de Davi, e
Cristo não fez o mesmo por nós, desviando a ira de Deus?
Conclusão
É muito confortante saber que,
mesmo em momentos como este, o mal domina as nossas mentes como dominou a de
Davi, Deus é capaz de enviar alguém da qualidade e sabedoria de
Abigail para falar ao nosso coração como fez com seu ungido. Abigail nos lembra
muito ao Senhor a quem servimos. Pois quem seria capaz de assumir a culpa por
algo que não fez, arriscar a vida por alguém que jamais reconheceu seu valor?
Quem, senão Cristo?
QUESTIONÁRIO
1. Por que Davi resolve
exterminar Nabal?
R. Por causa de sua insensatez
e injustiça para com ele e seus homens.
2. O que significa o nome
Nabal?
R. Insensato, tolo.
3. Como se chamava a
mulher de Nabal?
R. Abigail.
4. Que tipo de lição aprendemos
com Abigail?
R. Que devemos nos tomar
pessoas de atitudes.
5. A quem Abigail se
assemelha em suas atitudes?
R. Ao Senhor Jesus.
REFERÊCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 4º Trimestre de
2013, ano 23 nº 89 – Jovens e Adultos - “Dominical” Professor - Davi, a lâmpada
de Israel - A incrível história de um rei segundo o coração de Deus
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