LIÇÃO 9 – 01 de
dezembro de 2013
O pecado de Davi com Bate-Seba
TEXTO AUREO
“Purifica-me com hissopo, e
ficarei puro; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve”. Sl 51.7
Comentarista: Pastor Dr. Abner de
Cássio Ferreira
VERDADE
APLICADA
Os períodos difíceis da vida
geram pessoas humildes e dependentes de Deus. O perigo reside quando todas as
coisas fluem perfeitamente bem.
OBJETIVOS DA
LIÇÃO
►Esclarecer
que pecado não respeita nossa idade ou posição, ele simplesmente nos espreita,
e, se dermos ocasião a ele, ele nos vencerá;
►Mostrar que
uma noite de alegria pode representar muitos anos de sofrimento;
►Ensinar que
Deus é poderoso para perdoar pecados, mas as consequências do pecado sempre
seguirão a vida de quem o comete.
TEXTOS DE
REFERÊNCIA
2 Sm 11.2 - E aconteceu que numa tarde Davi se levantou do seu leito, e andava
passeando no terraço da casa real, e viu do terraço a uma mulher que se estava
lavando; e era esta mulher mui formosa à vista.
2 Sm 11.3 - E mandou Davi indagar quem era aquela mulher; e disseram:
Porventura não é esta Bate-Seba, filha de Eliã, mulher de Urias, o heteu?
2 Sm 11.4 - Então enviou Davi mensageiros, e mandou trazê-la; e ela veio, e
ele se deitou com ela (pois já estava purificada da sua imundícia); então
voltou ela para sua casa.
2 Sm 11.5 - E a mulher concebeu; e mandou dizer a Davi: Estou grávida.
Introdução
Quando nos aprofundamos na
história de Davi, vemos quantas facetas viveu, e como uma pessoa, mesmo sendo
segundo o coração de Deus, não está isenta de ser tão obscura. O que mais nos
maravilha na Escritura é que ela jamais omite os erros de seus heróis. Ela é
sempre realista na historicidade daquele j: que dela participou, não omitindo
virtude ou fraqueza, pintando o quadro exatamente como é.
OBJETIVO
►Esclarecer
que pecado não respeita nossa idade ou posição, ele simplesmente nos espreita,
e, se dermos ocasião a ele, ele nos vencerá;
1. A ociosidade e suas armadilhas
“E aconteceu que no tempo em que
os reis saem à guerra... Davi ficou em Jerusalém” (2Sm 11.1). Davi já havia se
tornado rei, estava no auge do sucesso, financeiramente bem, tinha muitas esposas,
porém, sempre foi um homem infeliz na área sentimental. Bate-Seba era muito
formosa, Davi muito carente, os olhares se encontraram, e o pecado brotou em
seu coração. As setas inimigas o alvejaram exatamente quando estava
descansando e não pelejando.
1.1. Examinando o pecado de Davi
Em toda história, após o pecado
de Adão e Eva, não houve caso mais comentado que o pecado de Davi. Mas qual
seria a diferença entre o pecado de Davi e o nosso? Primeiro o pecado dele não
é maior nem menor que os nossos; segundo, o dele foi registrado para que todos
pudessem ler e tornar como exemplo, o nosso não. Seu pecado foi
reconhecidamente intensificado por ser quem era e pelo modo como agiu. Não
precisamos defender Davi, porque isso Deus o fez, e, se Deus mais tarde o
justificou, quem somos nós para colocar vírgulas onde Deus já pôs um ponto
final (Rm 8.1-2). Talvez nosso maior problema, quanto aos pecados, seja o de
também excluirmos quem peca, e não somente o pecado. Não temos graça suficiente
para resgatar um irmão que afundou no lamaçal.
1.2. Examinando o histórico e
vida de Davi
Nessa época Davi tinha cerca de
cinquenta anos de idade, já reinava aproximadamente por vinte anos, e havia-se
distinguido como um líder de sucesso e de grande compaixão. Davi não era um homem
pervertido, era um símbolo de adoração a Deus. Mas, o pecado não respeita nossa
idade ou posição, ele simplesmente nos espreita, e, se dermos ocasião a ele,
ele nos vencerá. Existe, em cada ser humano, uma inclinação latente para o
desejo, a qual desperta súbita e ardentemente, com um poder tão irresistível
que pode dominar a carne por completo (Mc 7.21-23). Este pode surgir como: um
desejo sexual, ambição, vaidade, desejo de vingança, amor pela fama, poder, ou
dinheiro. Quando isso acontece, a cobiça invade a mente e a vontade do homem na
mais completa escuridão, os poderes da discriminação e das decisões claras
desaparecem, Deus se toma irreal, e os avisos são ignorados. Nessa hora, tudo o
que se fez, e o que se é tornam-se esquecidos. Hoje entendemos porque José
correu! A Bíblia manda fugir, não existem fortes nessa hora (ICo 6.16,18; lTm
6.11; 2Tm 2.22).
1.3. Examinando a cena
Davi é sucesso nacional, não tem
que prestar contas a ninguém, e está descansando quando deveria estar
juntamente com seu exército. As grandes batalhas que travamos às vezes surgem
em momentos de descontração, lazer e ociosidade. Ao chegar ao terraço e ver
Bate-Seba, Davi foi alvejado tão mortalmente por um desejo de cobiça, que
esqueceu até mesmo quem era e a quem servia. Ele ignorou sua responsabilidade
para com a nação, sua amizade com Deus, e o aviso de que aquela mulher tinha um
dono e não poderia ser sua (2Sm 11.3). Se, por um lado Davi foi atraído, pela
beleza de Bate-Sabe, por outro, ela foi descuidada em tomar banho num lugar
onde sabia que poderia ser vista. Se Davi fosse à guerra não teria pecado, se
Bate-Seba tivesse outra atitude não seria pedra de tropeço para Davi (Rm 14.
12.13).
Precisamos compreender que o
pecado é um mal que atinge a todos, e, que nem mesmo Davi esteve isento de suas
teias, muito menos qualquer de nós está. Um olhar, como no caso de Eva, abriu a
porta para o inimigo. Por maiores que sejam nossos triunfos e por mais elevada
que seja a nossa posição, estamos todos sujeitos a ataques e fracassos. A
Bíblia nos dá um só mandamento para tal situação: “fugir”. Fugir das paixões,
fugir da sensualidade, fugir da fornicação, fugir da idolatria. Não podemos
confiar em nossa própria força, pois, se nela fiarmos, o fracasso será
inevitável. Se Davi não estivesse ali nada teria acontecido.
OBJETIVO
►Mostrar que
uma noite de alegria pode representar muitos anos de sofrimento;
2. Tentando se livrar das
consequências
O adultério de Davi não foi um
pecado isolado. Havia já algum tempo, que o coração de Davi estava sendo minado
pelo afastamento de Deus. Para que uma forte árvore caia por terra basta apenas
que um pequeno parasita venha corroê-la. O pecado trouxe consequências, como
sempre traz, e Davi tentando omitir seu erro elabora um plano que o leva a um
erro ainda maior.
2.1. A consequência da cobiça
Davi ficou descontrolado a ver
tamanha beleza e sensualidade. Sua atitude ignorou completamente ao que deveria
ter dito sim, e disse sim ao que deveria ter negado. Estava cego, possuído de
desejo, incontrolável. Ambos tiveram um encontro de grande satisfação, porque
Davi também não a forçou a nada. O grande problema do pecado é que ele somente
apresenta o lado satisfatório, ele nunca revela que a estrada é sem saída, que
o caminho é sem volta, e que as consequências são amargas. A notícia chega: “E
a mulher concebeu, e enviou, e fê-lo saber a Davi, e disse: Pejada estou” (2Sm
11.5). Para disfarçar o pecado, Davi embebeda Urias, mas este não vai para
casa. Davi sóbrio agiu de forma pior que Urias bêbado. O autocontrole do
soldado deu ao pecado do rei um destaque terrível e vergonhoso (2Sm 11.6-13).
2.2. A carta de morte
O plano de Davi era que Urias
fosse para casa e coabitasse com Bate-Seba, assim, quando nascesse a criança,
não haveria vestígios de que ele seria o pai. Mas seu plano falhou, porque o
fiel Urias rejeita a noite de gala com sua esposa para ser fiel ao rei traidor
(2Sm 11.11). Vendo que nada dava certo, Davi perde a cabeça e comete o maior
erro de sua vida. Ele escreve uma carta de morte para Urias, e pede ao próprio
Urias que entregue essa carta a Joabe para que a ordem seja executada (2Sm
11.14.15). Em um só momento, Davi se torna adúltero e assassino. Joabe cumpre
seu dever e, num mesmo instante, Davi destrói uma família e mancha sua
reputação, o que lamentaria para o resto de sua vida as consequências da insana
atitude.
2.3. Vivendo com fantasmas
Na hora da tentação, tudo pode
ser maravilhoso, mas, depois do acontecido, aquele que um dia realmente teve um
encontro com o Senhor não conseguirá viver em paz, pois sua alma será uma
completa sequidão. Davi passou a viver nas sombras, ficou reduzido a algo que
nunca foi destinado, viveu um doloroso silêncio, pois sabia que não podia mais
aproximar-se de Deus como antes. Os pecados ocultos da carne trazem consigo
silêncio e pesar (SI 32. 3.4). O que antes era um prazer, tornara-se uma morte
lenta e vagarosa. Esses acontecimentos foram registrados para que se possa
observar onde o pecado leva e quais são as suas consequências. Quando Davi
olhava para Bate-Seba, não via outra coisa a não ser o fantasma de Urias.
Davi passou a viver noites de
insônia, doença física, febre, lembranças tristes, miséria espiritual e rima sensação de estar tremendamente só.
Um momento de fraqueza o deixou a centenas de quilômetros de Deus. Davi soube o
que era viver na impiedade e disse: “o ímpio tem muitas dores”
(Sl 32.10); depois, deu um conselho que, muito antes, deveria ter aprendido:
“pelo que todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar” (Sl
32.6). Durante um ano Davi foi massacrado por um sentimento total de derrota.
OBJETIVO
►Ensinar que
Deus é poderoso para perdoar pecados, mas as consequências do pecado sempre
seguirão a vida de quem o comete.
Já havia passado um ano, mas Davi
não deu sinal algum de arrependimento. Ele descreve sua condição durante esse
terrível período no Salmos 32.3,4. A consciência o açoitava incessantemente e,
como não se voltava para Deus, Natã foi enviado com uma parábola que o fez
despertar e arrepender-se diante de Deus (2Sm 12.1-14).
3.1. Tu és o homem
Durante muito tempo, Davi viveu
num mundo repleto de segredo e muita cautela, ele só não passou despercebido
por uma pessoa, Deus. “Porém, essa coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do
Senhor” (2Sm 11.27). Davi sabia que deveria prestar contas com Deus, até que,
para seu bem, e o da nação, Deus envia Natã, um amigo destemido e cuidadoso.
Mas, como comunicar o pecado a um homem da posição de Davi? A parábola de Natã
foi o espelho pelo qual o rei enxergou a enormidade do seu pecado, ele foi
condenado, e se condenou. Pela manifestação da verdade, Natã se impôs à
consciência do rei, à vista de Deus. E, por fim, veio o golpe final. “Tu és
este homem” (2Sm 12.7). Davi confessou e, de pronto, reconheceu que havia
pecado contra Deus. Sua confissão foi ouvida com a pronta garantia do perdão:
“Também o Senhor te perdoou o teu pecado” (2Sm 12.13).
3.2. Aceitando o castigo do
Senhor
Quando Natã saiu, Davi extravasou
sua breve confissão no Salmo 51. Ele sabia que estava limpo, porque fora
purgado com hissopo (Êx 12.22); estava mais alvo do que a neve, porque a mão do
Senhor o havia tocado, e a alegria da salvação de Deus lhe havia sido
restaurada. Agora, ele se deveria curvar diante da série de más consequências
que adviriam. O pecado pode ser perdoado, mas o Pai precisa castigar o filho. A
criança morreu, e sentimos muito quando crianças inocentes sofrem por causa dos
erros de seus pais. As consequências sofridas por Davi foram muito trágicas.
Ele viu no delito de Amnon os traços de sua própria paixão, e na vingança de
Absalão, seu próprio pendor para o derramamento de sangue. Uma noite de alegria
pode representar muitos anos de sofrimento quando ignoramos os avisos e aquele
que nos avisou. Como diz a Palavra: “não existe nada oculto que não venha a ser
revelado” (Mt 10.26).
3.3. A dor que produz cura
imediata
O pecado trouxe muitas dores a
Davi. Ele se tornou um líder fraco e um compositor sem canções (Sl 51.3). Mas
se existe uma coisa que Deus sabe, é agir no tempo certo. Deus esperou que a
alegria de Davi se esgotasse para, em seguida, entrar em cena (Sl 51.12).
Então, surge Natã. Por conta própria? Não. “E o Senhor enviou Natã a Davi” (2
Sm 12.1). Natã não foi enviado depois do adultério; não foi enviado quando
Bate-Seba engravidou: não foi enviado quando Davi assassinou Urias; não foi
enviado quando a criança nasceu. Deus esperou o tempo certo e enviou a pessoa
certa. Embora tenhamos milhares de coisas a acrescentar aos atos de Davi, Deus
lhe acrescentou uma que talvez não fôssemos capazes jamais, o perdão e a
restituição. Como um cirurgião, Deus usa a ferramenta certa para expurgar o
tumor da alma de seu ungido.
Deus não enviou alguém
religioso demais para tratar de Davi, enviou um amigo. Natã. Que comia a sua
mesa, participava de sua vida, e se importava com o reino e com o Deus que o
regia. Com muita graça Natã colocou as palavras certas e teve uma atitude impecavelmente
graciosa. Sua sabedoria fez com que Davi despertasse e visse a gravidade de seu
erro. Natã não usou de críticas, mas
ilustrou o fato de modo tão admirável que Davi não teve alternativa, a não ser
dobrar os joelhos e agradecer a Deus por tal repreensão. Natã foi o médico, e
ao mesmo tempo, o instrumento cirúrgico da operação. Isso é o que Deus espera
de nós; que, em vez de críticas que nada resolvem, possamos curar com a palavra
de sabedoria a nossa geração.
Conclusão
Para todo grande pecador, existe
um grande salvador. Não existe mal que o Senhor não possa reverter. Vimos, na
figura de Davi, que o pecado não respeita posições, idade, ou, se temos um
coração segundo o de Deus. Ele sempre nos espreita e, nos momentos mais ociosos
da vida em que estamos vulneráveis, ele se aproxima. O que está de pé deve
cuidar para não cair.
QUESTIONÁRIO
1. O que fez Davi no tempo da
guerra?
R. Ficou no palácio
2. O que viu Davi ao
passear pelo terraço?
R. Bate-Seba a banhar-se.
3. De quem era esposa
Bate-Seba?
R. Do soldado Urias.
4. Por que Davi mandou matar
Urias?
R. Para esconder a gravidez de
Bate-Seba.
5. Quem confrontou Davi com
palavras sábias?
R. Natã, o profeta.
REFERÊCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 4º Trimestre de
2013, ano 23 nº 89 – Jovens e Adultos - “Dominical” Professor - Davi, a lâmpada
de Israel - A incrível história de um rei segundo o coração de Deus