LIÇÃO 5 – 03 de
novembro de 2013
Saul e Davi,
dois reis e dois caminhos diferentes
Comentarista: Pastor Dr. Abner de
Cássio Ferreira
TEXTO AUREO
“E temia Saul a Davi, porque o
Senhor era com ele e se tinha retirado de Saul”. ISm 18.12
VERDADE
APLICADA
Os maiores gigantes, que
enfrentamos na caminhada cristã, não estão à nossa frente nos desafiando. Eles
estão nos recantos mais escuros da alma humana.
OBJETIVOS DA
LIÇÃO
► Ensinar que nossas atitudes
e concessões são responsáveis por nosso fracasso ou sucesso;
► Tornar compreensível que
Deus tem um tempo para executar sua obra em nossas vidas;
► Mostrar que perdoar o
inimigo, em vez de vingar-se, revela o quanto nossa mente está governada por
Deus.
TEXTOS DE
REFERÊNCIA
ISm 18.7 - E as mulheres dançando e cantando se respondiam umas às outras,
dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém, Davi os seus dez milhares.
ISm 18.8 - Então Saul se indignou muito, e aquela palavra
pareceu mal aos seus olhos, e disse: Dez milhares deram a Davi, e a mim somente
milhares; na verdade, que lhe falta, senão só o reino?
ISm 18.10 - E aconteceu no outro dia, que o mau espírito
da parte de Deus se apoderou de Saul, e profetizava no meio da casa; e Davi
tocava a harpa com a sua mão, como nos outros dias; Saul, porém, tinha na mão
uma lança.
ISm 18.11 - E Saul atirou com a lança, dizendo: Encravarei
a Davi na parede. Porém Davi se desviou dele por duas vezes.
Introdução
A vida está repleta de degraus.
Alguns precisamos subir, outros somos obrigados a descer, não porque desejamos,
mas porque somos impulsionados pelas circunstâncias. Em cada um deles,
aprendemos lições com as quais a vida se torna mais clara, mais preciosa, e com
mais sentido. Por que Davi não foi governar se já era o rei de Israel? Por que
teve de submeter-se a Saul, um homem sanguinário, que, em vez de ser seu modelo
e mentor, quase põe fim a sua vida? Talvez o maior gigante que Davi devesse
enfrentar não fosse Golias ou Saul, talvez fosse ele mesmo.
OBJETIVO
► Ensinar que nossas atitudes
e concessões são responsáveis por nosso fracasso ou sucesso;
1. Saul, um rei segundo seu
próprio coração
As flechas atiradas por Saul
indicavam que a convivência no palácio não era mais possível. Deus usou um
momento para fazer de Davi um herói nacional, e os lábios do povo para torná-lo
em vilão. Em pouco tempo, Davi viu todos os alicerces de sua vida sucumbirem. A
inveja de Saul se agravou, e sua vida corria perigo. Davi enfrentou uma família
incompreensiva, um leão, um urso, um gigante, e agora, Deus o prepara para
viver o pior momento de sua vida, a injustiça de alguém a quem era leal.
1.1. Saul, reprovado pela
impaciência
Deve ter sido muito triste para
Saul ouvir a reprovação de seu reinado por parte do próprio profeta que o ungiu
em nome do Senhor. Saul não esperou, agiu prematuramente quando ofereceu
holocausto em lugar de Samuel. Samuel o chamou de tolo e disse que seu reino
seria confirmado naquele dia. Por questões de segundos, Saul perdeu para sempre
seu reinado. O profeta lhe diz que o Senhor já havia encontrado um substituto
para o reino por causa de sua inconstância (SI 89.20: At 13.22; Tg 1.5-8).
Enquanto Davi sabia viver com a unção como se nada tivesse, Saul sempre queria
o prestígio do povo. Ele aprendeu a dura lição de que agir por vontade própria
frustra o propósito de Deus, e põe em movimento pedras que jamais poderão ser
retiradas de nossos caminhos. Muitas vezes, pensamos que Deus é vagaroso,
esquecido, ou que está atrasado em relação ao tempo marcado. Não sejamos como
Saul, Deus sabe o momento certo para agir (ISm 13.8-14).
Havia uma diferença grandiosa
entre Saul e Davi. No momento em que se viu acossado pela crise, Saul passou a
agir como se nunca tivesse conhecido a Deus. Já Davi, ao ser perseguido, em vez
de se queixar contra Deus, dizia: “Deus sabe que eu mereço isso”, e, quando
teve que se esconder numa caverna, também dizia: “Ficarei aqui até saber o que
Deus há de fazer de mim". Davi associava todos os eventos de sua vida a
uma atuação divina. A vida de Saul foi marcada por uma série de coisas erradas, que. por fim, levaram-no à morte. Saul
chutou a graça, abandonou uma carreira preciosa, simplesmente
porque tomava decisões erradas, uma atrás da outra.
1.2. Saul, reprovado pela
obediência parcial.
Quando Deus manda que nos
livremos de alguma coisa, é porque conhece muito bem os males que pode nos
causar futuramente. Com Saul não foi diferente. Muitos anos haviam-se passado
entre a reprovação de Saul e este episódio. O reino havia-se fortalecido e
prosperado, e parecia que a sentença proferida por Samuel havia sido esquecida.
Amaleque foi mais um ponto negativo na vida Saul. Suas ordens eram simples.
“Exterminar todos os amalequitas, inclusive os animais” (ISm 15.1-3). Mas Saul
cumpriu apenas meia ordem e, por vontade própria, perdoou ao rei Agague e ao
melhor do seu gado (At 5.29; Hb 11.8). Depois, tentou maquiar a situação,
simulando que as ovelhas eram para sacrificar ao Senhor, o que trouxe tristeza
ao coração de Deus por tê-lo ungido rei em Israel (ISm 15.9-15). No primeiro
deslize, Saul ouviu que fora reprovado, agora ouve que foi rejeitado, e que seu
reino foi rasgado, e dado a alguém melhor que ele (ISm 15.26-28). A triste
ironia é que foi justamente um amalequita que afirmou tê-lo matado no campo de
Gilboa (2Sm 1.10). Se pouparmos o que Deus nos mandou destruir, isso pode,
depois, destruir-nos.
1.3. Saul, reprovado por erguer
um monumento a si mesmo (ISm 15.12)
Enquanto Davi objetivou construir
um monumento ao Deus Altíssimo, e esse monumento era o templo, Saul levantou
para si um monumento. Essa ação retrata perfeitamente quem era Saul. Uma pessoa
que pensava apenas em seu prestígio diante das pessoas e nação. Ele não sabia
que líderes são substituíveis, que líderes passam, mas a visão segue avante. O
maior erro de um líder é se achar dono de um povo e de uma posição, é não
compreender que unção recebida para ser líder não é para benefício próprio,
para enriquecer ou tornar-se dono da casa de Deus (Jo 10.11; 1 Pe 5.2-4).
O pecado da obediência parcial
nos revela alguns pontos importantes. Saul foi à guerra, matou todos os
amalequitas e incendiou a cidade deles,
faltou apenas um detalhe, arrasar tudo. Não cabia a Saul decidir o que
iria e o que não iria fazer. Deus não lhe pedira que fizesse uma avaliação
pessoal do serviço, nem uma reinterpretação própria das ordens dEle. Pedira que
obedecesse. Deus chamou essa obediência parcial de “rebelião”. Sul havia
distorcido a Palavra de Deus, para benefício próprio, encaixando-a em suas
ideias.
OBJETIVO
► Tornar compreensível que
Deus tem um tempo para executar sua obra em nossas vidas;
2. Davi e as lições do
palácio
Conduzir Davi para o palácio e
fazê-lo servo de Saul era um propósito divino para temperar o caráter do futuro
rei de Israel. Davi começou como pastor; tornou-se um herói matador de
gigantes; foi transformado em músico; foi nomeado comandante dos exércitos, e
depois fugitivo, mentiroso, maluco e foragido. Ele, por muitas vezes, teve Saul
em suas mãos, mas jamais interpretou Saul como uma desgraça, e sim, como um
ungido do Senhor. Em todos esses pontos Deus lhe ensinava como agir e tornar-se
sensível. Que seminário notável Deus utilizou na vida do seu ungido.
2.1. Servir e reinar
O que mais nos intriga em Deus
também nos maravilha. Ele sempre sabe o que faz, e, por mais absurdo que
pareça, suas lições são sempre inspiradoras. Davi é rei, mas não reina, não
senta no trono, não governa. Todavia, é levado ao palácio para tocar e
para acalmar Saul das investidas do espírito maligno que o próprio Senhor
enviou. Ou seja, Deus levou Davi ao palácio para ser provado (Tg 1.12) e não há
outra maneira de se explicar esse momento da vida de Davi (ISm 16.15). Do mesmo
modo que Deus colocou Samuel para crescer ao lado do reprovado sacerdote Eli
para substituí-lo quando crescesse, o fez com Saul. Nesse período Davi aprendeu
que a unção é para reinar, mas o princípio é servir.
2.2. Ser como se não fosse
A vontade de Deus era que Davi
reinasse e não Saul. Mas Davi é ungido e volta para as ovelhas como se nada tivesse
acontecido. Então, através do problema espiritual da vida de Saul, Deus criou
um meio para que Davi se familiarizasse com o palácio, convivesse ao lado de um
rei, aprendesse passo a passo os caminhos reais, para que, depois, viesse a ser
coroado. Davi correspondeu bem e viveu em simplicidade em cada fase de sua
vida. Ele foi capaz de submeter-se a Saul e ver o trono sem cobiçá-lo mesmo
sabendo que já era seu por eleição. Nesse período, Davi aprendeu que Deus tem
um tempo para executar todo seu intento em nossas vidas.
2.3. Reinando sem título
Muitas vezes nos perguntamos: por
que Deus nos prova tanto? Será que tentamos imaginar como eram os pensamentos
de Davi? Ele talvez se perguntasse por que havia recebido aquela unção. Será
que já tentamos imaginar o que era para Davi estar diante de Saul calado, sem
poder jamais dizer que era o sucessor de seu trono? Se Saul queria o matar,
porque era bem sucedido nas batalhas, e porque conquistava a nação com seus
sucessos; como seria se soubesse que Deus o reprovara para dar seu trono ao
menino que tocava para acalmá-lo? Saul era invejoso, covarde, inescrupuloso e
falso. Davi era gentil, dócil e capaz de grandes proezas, seu segredo estava na
raiz do coração. O que Davi aprendeu nesse outro estágio? Que o título não faz
o rei, mas o rei faz o título. Não era preciso ser nomeado a nada para ser o
que era. Que lição! Hoje os títulos valem mais que o caráter - não ter títulos
é não ser ninguém - que falta faz a unção (SI 24.3,4). Saul era o rei, mas Davi
governava claramente, porque Deus era com ele.
Davi soube administrar, sem
cobiça, cada momento de sua vida. Observando Saul, ele aprendeu como um rei
deve ou não proceder. Sua vida sofreu muitas escalas até que estivesse pronto
para assumir a coroa. Ele
soube ser pastor, soube conviver com a fama de herói de forma natural, e quando
foi levado ao palácio soube esperar o tempo de Deus, sabia que estaria ali para
apenas tocar e não para reinar. Soube viver em comunhão com Saul, soube
abandonar a harpa e guerrear com exércitos, e soube ser fiel a Saul mesmo sendo
injustiçado. A cada dia. Deus acrescentava a Davi as qualidades do rei que o
povo necessitava. Seus salmos apresentam as inúmeras tristezas que viveu,
no entanto não são queixas, mas orações sempre dirigidas a Deus.
Deus era seu refúgio, seu escudo, e sua fortaleza, seu socorro
na hora da angústia.
OBJETIVO
► Mostrar que perdoar o
inimigo, em vez de vingar-se, revela o quanto nossa mente está governada por
Deus.
3. A maneira correta de
enfrentar crises e perseguições
Se existir um Davi, deverá surgir
um Saul. Este será a ferramenta que Deus usará para polir, dar qualidade, e
aperfeiçoar o ungido para que utilize bem a unção. Os perseguidores trazem
consigo uma revelação da parte de Deus para nós. Saul tinha um espírito maligno
que o inspirava a destruir o futuro rei, Davi tinha Jonatas que lhe dava as
coordenadas dos ataques de Saul e intercedia por ele quando necessário. Nós
também temos quem intercede por nós e nos avisa, instrui-nos, e nos repassa
suas armas.
3.1. Davi não
enfrentou Saul, recorreu a Deus
O ciúme, o ódio, e o desenfreado
desejo de Saul em exterminar Davi, trouxeram ao jovem pastor muitos momentos de
tristeza e melancolia, mas jamais uma revanche. Quando Saul estava na caverna,
Davi poderia resolver a questão, mas não o fez. Ele enfrentou Saul como
enfrentou Golias, colocando-se diante de Deus. Quando os soldados o instigaram
a matar Saul, veja o que disse Davi: “Que o Senhor me livre de fazer tal coisa
a meu senhor, de erguer a mão contra ele, pois é o ungido do Senhor” (ISm
24.6). Depois reiterou sua convicção (ISm 24.10). Embora Saul
fosse um crápula, em sua mente, Davi não via Saul como inimigo, mas como o
ungido. Enquanto Saul o queria matar, Davi poupava sua vida. Davi, assim,
revelou o que é uma mente cheia de Deus.
No fundo da caverna, os homens
de Davi não podiam acreditar no que seu líder fez. Contudo, seus sentimentos
não refletiam os de seus homens. Davi sentiu bater-lhe o coração de remorso par
ter cortado uma ponta do manto de Saul (ISm 24.5.6). Perdão
não é loucura. Perdão é, em sua essência, optar por ver o ofensor com olhos
diferentes. Perdoar é seguir em frente, não pensar mais na ofensa, é ver nossos
inimigos como filhos de Deus e a vingança como algo que cabe somente a
Ele e não a nós.
3.2. A atitude de Davi faz Saul
reconhecer sua insanidade
Um simples golpe da espada
acabaria com o sofrimento de Davi e colocaria um fim em toda tirania de Saul.
Davi não teria mais de viver como fugitivo, finalmente reinaria. Mas Davi faz
sinal para que seus homens se contivessem; Saul reconhece que Davi o
poupou e confessa: “eis que procedi loucamente, e errei grandissimamente” (ISm
26.21b). Louco: essa palavra descreve muito bem quem foi Saul; um homem
que foi ungido, teve o favor do Senhor a seu lado, mas viveu como se Deus nunca
existisse. Saul ignorou Samuel, perseguiu Davi, maltratou Jônatas, prejudicou a
nação e a si próprio. Seu final poderia ter sido muito diferente (SI 107.17).
Descrevendo a loucura de Saul, John Sidlow Baxter faz a seguinte afirmação: “o
homem procede como louco quando tenta persuadir a si mesmo de que está fazendo
a vontade de Deus... Quando tenta esconder a sua desobediência diante de Deus
com desculpas religiosas... Quando conscientemente luta contra Deus para salvar
as aparências”.
3.3. Dois reis, dois caminhos
diferentes
Saul e Davi receberam privilégios
iguais, as mesmas oportunidades; ambos receberam as bênçãos grandiosas da parte
do Senhor. Porém, tiveram destinos diferentes (Js 1.7). Um deles alcançou as
alturas, recebeu honras jamais igualadas, enquanto o outro agiu insensatamente
e caiu nos abismos do esquecimento. O que determinou a diferença no destino
final desses dois homens foram suas decisões (SI 25.12; 119.30). Não foi o
ambiente em que viveram. Não foram seus pais, nem a criação que tiveram. Foram
as decisões que fizeram em momentos críticos. Cuidemos para que as nossas
decisões não abortem a carreira que Deus nos proporcionou.
Conclusão
Existe um estudo de contrastes
muito interessante entre a morte de Saul e a elevação de Davi ao trono de
Israel. A morte de Saul trouxe uma impressão de triunfo para os inimigos, que
desfilaram com sua cabeça como se fora um troféu. Quando tudo parecia
terminado, surge Davi, o rei escolhido de Deus. Esse fato contrasta com Jesus,
que, na cruz, parecia derrotado, mas a morte revelou o messias, a esperança da
humanidade. O que era humano cedeu lugar ao que era divino. Assim, também, Saul
representa o que é humano, carnal e falho. Como a velha aliança.
QUESTIONÁRIO
1. Quais os três pontos
principais da reprovação de Saul?
R. A impaciência, a obediência
parcial, e um monumento a si próprio.
2. Por que Saul foi
rejeitado por Deus?
R. Porque agiu por vontade
própria, cumprindo apenas meia ordem (ISm 15. 1-28).
3. Por que Davi foi levado ao
palácio?
R. Para aprender e ter seu
caráter temperado por Deus.
4. De que maneira Davi
interpretava Saul em sua mente?
R. Como um ungido do Senhor.
5. Em que se contrastam a morte
de Saul e a ascensão de Davi?
R. A morte e ressurreição de
Cristo.
REFERÊCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 4º Trimestre de
2013, ano 23 nº 89 – Jovens e Adultos - “Dominical” Professor - Davi, a lâmpada
de Israel - A incrível história de um rei segundo o coração de Deus