Assembléia de Deus de Bom Jesus de Goiás

Assembléia de Deus de Bom Jesus de Goiás

terça-feira, 24 de junho de 2014

O prazer de experimentar a cura das feridas da alma




LIÇÃO 13 – 29 de junho de 2014
O prazer de experimentar a cura das feridas da alma

TEXTO AUREO

“Senhor, tu me sondaste e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.” SI 139.1-2

VERDADE APLICADA

As enfermidades da alma podem ser devastadoras. Mas não incuráveis. Jesus é a cura!

OBJETIVOS DA LIÇÃO

 Mostrar que o fato de sermos servos fiéis não impede que possamos sofrer com as enfermidades da alma;
 Esclarecer que tais enfermidades não são suficientes para abalar nossa fé em Deus;
 Fazer-nos entender que em algumas situações precisamos de ajuda profissional.

TEXTOS DE REFERÊNCIA

SI 139.11 - Se disser: decerto que as trevas me encobrirão; então, a noite será luz à roda de mim.
SI 139.12 - Nem ainda as trevas me escondem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa.
SI 139.14 - Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.
SI 139.23 - Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos.
SI 139.24 - E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.

Introdução
Chegamos à última lição de nossa revista. Estivemos falando acerca de diversas enfermidades que incomodam o homem e, em muitas situações, que o impedem de realizar a vontade de Deus. No entanto, ao nos depararmos com o Salmo 139, começamos a entender muito da verdadeira alma humana. O sentimento do salmista aqui expressado nos mostra o seu desejo de servir e fazer a vontade de Deus, mas, com uma certeza, no coração, há de estar totalmente curado de todos os males que afligem seu interior.

OBJETIVO
 Mostrar que o fato de sermos servos fiéis não impede que possamos sofrer com as enfermidades da alma;

1. Reflexos das experiências em nossas vidas
Muitas vezes nos pegamos imaginando como seria a nossa vida se fossem realizados nela todos os tipos de milagres. É fato que, servindo ao Todo Poderoso, o homem está sujeito à ação dEle em sua vida, e essa ação inclui a realização de milagres, contudo sabemos que, ao longo da nossa existência, acumulamos uma série de experiências que são capazes de causar danos irreversíveis em nossa alma, atingindo diretamente a mente e refletido em nossas emoções.

Em sua exposição, o salmista não esconde a consciência de que Jeová é capaz de conhecer o seu interior, mesmo que não seja revelado verbalmente (SI 139.4 Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó SENHOR, tudo conheces.). Servimos a um Deus que tudo sabe e tudo conhece, no entanto fica claro para nós que um de seus desejos principais em relação ao homem é justamente vê-lo expressar os seus sentimentos para que possa intervir de maneira eficaz (SI 38.9 Senhor, diante de ti está todo o meu desejo, e o meu gemido não te é oculto.). Já no Éden o Criador procurava Adão na viração do dia para conversar e, mesmo sabendo do desatino cometido por sua criatura, não tomou nenhuma atitude até que este expusesse o seu feito (Gn 3.8 E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim.).

1.2. A gravidade do sentimento de culpa
As enfermidades da alma, em sua maioria, tendem a agir de forma a nos afastar da presença de Deus, pois elas levam o indivíduo a um caminho obscuro e desconhecido capaz de promover dores profundas em seus sentimentos. Davi foi um homem que viveu e sobreviveu a muitas batalhas, tais batalhas se deram tanto na esfera material quanto na espiritual, elas, com certeza, provocaram cicatrizes profundas. Entretanto vemos Davi sempre disposto a permitir-se realizar verdadeiras catarses diante de seu Criador onde não se furta de exprimir seus mais profundos sentimentos. Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? (SI 139.7 Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face?) nestas palavras, vemos que o salmista reconhece a sua incapacidade de lidar com seus medos e pavores e sabe que, nem mesmo em profunda depressão, estará fora do alcance dos olhos de Deus.

1.3. A gravidade do sentimento de culpa
A angústia vivida por Davi em alguns momentos de sua vida se apresentava como se fosse constante, todavia ele tinha certeza da companhia de Jeová (SI 139.8-10 Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também; se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.). Sabemos que o sentimento de culpa era o principal mal que assolava a sua existência; o medo da reprovação o levava a um choro secreto, só revelado ao Senhor em situações de extrema tristeza. Ao mesmo tempo em que Davi externava o seu temor a Deus, ele expressava a certeza da Sua misericórdia para com ele (SI 139.14 Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.) e O louvava do mais profundo do seu íntimo, pois entendia a repreensão como expressão do amor do Pai. Pv 3.12.

OBJETIVO
 Esclarecer que tais enfermidades não são suficientes para abalar nossa fé em Deus;

2. Maldição hereditária ou reprodução de neurose
Atualmente vemos alguns grupos religiosos “ditos evangélicos” difundindo uma doutrina voltada para o que eles chamam de “maldição hereditária”, em suas teorias, buscam afirmar que algo passado ou sofrido por um antepassado pode se manter como castigo ou maldição na vida do servo de Deus, tais doutrinas contradizem peremptoriamente a Palavra de Deus que afirma o contrário. O texto do livro do profeta Ezequiel 18.20 nos mostra que o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho, deixando claro este ato de justiça do Criador. Entretanto podemos tentar esclarecer algumas situações que ocorrem no âmbito da alma que chamaremos aqui de reprodução de neurose.
Os defensores da teoria da maldição hereditária tentam apresentar experiências negativas, tanto na esfera espiritual quanto na natural, corno sendo herança. No entanto sabemos que grande parte de males sofridos por nossos descendentes são ocasionados por atitudes erradas que tomamos na criação de nossos filhos. Daniel Goleman, em seu livro Inteligência Emocional, diz que “alguns pais ignoram qualquer tipo de sentimento de seus filhos considerando sua perturbação emocional como algo banal; na verdade, deveriam aproveitar estes momentos para uma maior aproximação”, evitariam, assim, muitos problemas no futuro.

2.1. Como funciona a reprodução de neurose
Para explicar o termo reprodução de neurose, vamos explorar algumas situações vividas por Davi. Em sua vida familiar, podemos perceber que não era o preferido de seu pai, visto que o mesmo sempre o procurava usar para serviços menores, pouco valorizados pela sociedade da época. Levar comida para seus irmãos (ISm 17.17 E disse Jessé a Davi, seu filho: Toma, peço-te, para teus irmãos um efa deste grão tostado e estes dez pães e corre a levá-los ao arraial, a teus irmãos.) era algo comum na vida dele e sempre que o fazia, voltava rapidamente para cuidar das ovelhas em Belém (ISm 17.15 Davi, porém, ia e voltava de Saul, para apascentar as ovelhas de seu pai, em Belém.). Tais acontecimentos ficaram registrados em sua mente e foram determinantes no processo de formação da sua personalidade, visto que, na criação de seus filhos, também deixou claro as suas preferências reproduzindo o que havia ocorrido com ele.

2.2. Como se reproduz a neurose
Mesmo já tendo sido ungido por Samuel, em um episódio de impressionante desprezo, demonstrado por Jessé, que deixou claro a sua preferência por Eliabe, Abinadabe, Sama e os outros (ISm 16.8-10 Então, chamou Jessé a Abinadabe e o fez passar diante de Samuel, o qual disse: Nem a este tem escolhido o SENHOR. Então, Jessé fez passar a Samá, porém disse: Tampouco a este tem escolhido o SENHOR. Assim, fez passar Jessé os seus sete filhos diante de Samuel; porém Samuel disse a Jessé: O SENHOR não tem escolhido estes.), Davi continuava a obedecer e fazer o que lhe era imposto. Os sentimentos de Davi certamente eram afetados por esse tipo de comportamento demonstrado por seu pai. Embora não se tenha rebelado contra sua família, não deu a seus irmãos nenhuma posição de destaque em seu exército, essa atitude aliada ao fato de demonstrar preferência por alguns de seus filhos comprovam a reprodução de neurose herdada de seu pai.
O dia de um pastor de ovelhas era de muitos riscos, os quais fizeram de Davi um homem preparado para enfrentar inimigos perigosos ao longo de sua vida. Em suas batalhas, usou conhecimentos adquiridos em sua lida diária como o uso da funda contra Golias. Em outras situações, também demonstrou ser um homem de sentimento duro. Essa forma de expressar seus sentimentos pode ter ocorrido por causa da maneira dura que foi tratado por seu pai.

2.3. O mal causado pela falta de diálogo com os filhos
A história do reinado de Davi foi marcada por algumas grandes tragédias, uma delas, talvez a mais importante, foi a rebelião de seu filho Absalão que não suportou o fato de seu pai não ter tomado nenhuma atitude em relação a seu irmão Amnon quando do estupro de sua irmã Tamar. A falta de um diálogo claro entre pai e filho pode sempre causar maus entendidos, pois vemos, com o desdobrar dos acontecimentos, que, ao contrário do que Absalão pensava, o seu pai o amava intensamente (2Sm 18.32-33 Então, disse o rei ao cuxita: Vai bem com o jovem, com Absalão? E disse o cuxita: Sejam como aquele jovem os inimigos do rei, meu senhor, e todos os que se levantaram contra ti para mal. Então, o rei se perturbou, e subiu à sala que estava por cima da porta, e chorou; e, andando, dizia assim: Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho! E disseram a Joabe: Eis que o rei anda chorando e lastima-se por Absalão.). Vemos, mais uma vez, um exemplo de reprodução de neurose, Jessé não se colocava claramente em relação a Davi isso fez com que ele tivesse a mesma dificuldade em relação a seu filho Absalão.

OBJETIVO
 Fazer-nos entender que em algumas situações precisamos de ajuda profissional.

3. Deus está sempre presente em nossas vidas
Os versículo 11 e 12 do Salmo 139 são, talvez, os mais impactantes, pois demonstram a certeza de que Davi tinha, que, mesmo em estado de profunda depressão, o homem de Deus nunca se sentirá desamparado por Ele. Davi tomou algumas atitudes reprováveis aos olhos do Senhor, contudo, em momentos decisivos de sua vida, escolheu fazer a vontade de Deus.

3.1. Esperar pela ação de Deus
O texto de I Samuel, capítulo 25, mostra-nos que, em alguns momentos, a ira tomava conta do coração de Davi. Em sua vida, nada havia sido fácil; sempre esteve se deparando com situações limites (ISm 25.8 Pergunta-o aos teus jovens, e eles to dirão; estes jovens, pois, achem graça a teus olhos, porque viemos em bom dia; dá, pois, a teus servos e a Davi, teu filho, o que achares à mão.) quando a melhor atitude, parecia sempre partir para o ataque (ISm 25.13 Pelo que disse Davi aos seus homens: Cada um cinja a sua espada. E cada um cingiu a sua espada, e cingiu também Davi a sua; e subiram após Davi uns quatrocentos homens, e duzentos ficaram com a bagagem.). Nesse momento, ele já teria tomado a sua decisão, no entanto ouviu a mulher de Nabal (ISm 25.26-35) e esperou Deus trabalhar em seu favor (ISm 25.37-38). Não importa o quanto estejamos sofrendo por sentimentos obscuros que desconhecemos, o importante é reconhecer que Deus pode nos livrar desses sentimentos se pedirmos a Ele (SI 19.12 Quem pode entender os próprios erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos.).

3.2. Como buscar cura
Durante a sua expressão de louvor, Davi declara que a sua alma sabe do que Jeová é capaz (SI 139.14 Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.). Ao longo das lições estudadas, podemos aprender como o sofrimento da alma pode ferir, de maneira profunda, o indivíduo, levando-o a uma condição, em alguns casos, deploráveis, mas ainda assim, se tal indivíduo se apresentar ao Criador com o coração contrito, experimentará o melhor de Deus em sua vida. Existem técnicas de tratamento eficazes para solução das enfermidades da alma, todavia estar com o Senhor e reconhecer o seu poder podem evitar que o homem chegue ao fundo do poço, mergulhando em crises existenciais que ele mesmo desconhece. Entretanto, para algumas pessoas, isso se torna muito difícil, daí a necessidade da ajuda de alguém com conhecimento científico específico em áreas que estudem o comportamento humano para que, com tratamento terapêutico, ajude o indivíduo a identificar as causas de suas crises (Tg 5.16 Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.).

3.3. Deus tem sempre o melhor para nós
O Criador sempre quer o melhor para nós, pois sempre está nos preparando algo especial (SI 139.17 E quão preciosos são para mim, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grande é a soma deles!). Em nenhum momento, o Senhor quer ver um servo com sentimento de culpa, angustiado, sofrendo com o medo, insegurança, dificuldade de dizer não, falta de reconhecimento de culpa entre outros sintomas que poderão produzir um afastamento do indivíduo de Sua presença e consequentemente a falta de intimidade com Ele. O texto proposto por Paulo, em (2Co 5.17 Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.) nos dá a nítida noção de que, ao aceitarmos a Cristo, estaremos livres de tudo que nos fazia mal no passado, está totalmente correto, no entanto, em Rm 12.2, vemos o mesmo Apóstolo nos apresentando a necessidade da renovação de nosso entendimento. O que entendemos a partir daí? O versículo de segunda aos Coríntios nos garante uma mudança total em nossa estrutura espiritual, enquanto o texto da carta aos Romanos nos mostra a necessidade de mudança e cura em nossa estrutura emocional. Só depois de passarmos por essas duas transformações, poderemos gozar plenamente da perfeita vontade de Deus e experimentar totalmente as maravilhas de vivermos debaixo de sua Graça.

Conclusão
Amados, aprendemos que fatos ocorridos, cada vez mais, com maior frequência, nos mostram que muitos, embora busquem uma plena comunhão com o Criador, sofrem com sintomas que surgem, na maioria das vezes, alheios a própria vontade. Busquemos toda força que existe em cada um de nós, contemos com a ajuda dos profissionais da área e principalmente a maior e mais excelente, entre todas as ajudas: A do Espírito Santo, o qual não permite que as enfermidades da alma obscureçam a beleza das bênçãos que Deus tem para seus filhos.

QUESTIONÁRIO

1. O que faltava para Davi para que ele pudesse servir a Deus?
R. Ter a certeza de estar curado de todos os males que o afligiam.
2. Deus nos conhece. Mas o que Ele espera de nós?
R. Que expressemos os nossos sentimentos.
3. Em Ez 18. 20, qual é o ato de justiça de Deus?
R. O filho não levará a maldade do pai nem o pai a maldade do filho.
4. O que Absalão esperava de Davi?
R. Que tomasse alguma atitude em relação a Amnon.
5. O que é preciso para experimentarmos as maravilhas da Graça de Deus?
R. Transformação total no espírito e na alma (I Co 5.17 e Rm 12). convosco.

REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 2º Trimestre de 2014, ano 24 nº 91 – Jovens e Adultos - “Dominical” Professor – ENFERMIDADES DA ALMA Identificando os distúrbios emocionais e confrontando-os com soluções divinas e bíblicas.


segunda-feira, 16 de junho de 2014

Perdão, o antídoto para o rancor

LIÇÃO 12 – 22 de junho de 2014
Perdão, o antídoto para o rancor
escola dominical

TEXTO AUREO

“E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou.” Lc 15.20

VERDADE APLICADA

O perdão é remédio para o rancor, e o combustível do perdão é o amor.

OBJETIVOS DA LIÇÃO

 Explicar o que é rancor;
 Mostrar como se desenvolve o rancor;
 Apontar o caminho para a cura.

TEXTOS DE REFERÊNCIA

Lc 15.11 - E disse: Um certo homem tinha dois filhos.
Lc 15.12 - E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.
Lc 15.20 - E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou.
Lc 15.29 - Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos.

Introdução
Segundo o dicionário de língua portuguesa, Michaelis, o rancor é definido pelas seguintes palavras: ódio inveterado, oculto, profundo. Grande aversão não manifestada; antipatia. Ressentimento. Ira secreta e malquerer. Ao analisarmos as palavras que definem rancor, podemos concluir que esse sentimento não é nem um pouco benéfico ao ser humano, pois chegamos a conclusão que ele causará mais sofrimento do que prazer, logo, se causa sofrimento, lembra dor e consequentemente lembra doença. Destarte rancor pode ser visto, também, como uma das enfermidades da alma.

OBJETIVO
 Explicar o que é rancor;

1. Rancor uma ferramenta de destruição
Qualquer sentimento que permaneça oculto não pode ser encarado como algo prazeroso. O ódio inveterado leva a momentos de profundo negativismo, pois esse sentimento vai trabalhar em nosso coração como uma fonte de enfermidade e ferramenta de destruição, agindo internamente como uma bomba relógio armada para explodir a qualquer momento.

1.1. O amargor produzido pelo rancor (At 8.23)
Diferente das enfermidades apresentadas até agora nesta revista, o rancor pode se tornar maior ou menor dependendo da nossa posição em relação a ele (Hb 12.15 tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.). As outras enfermidades, na sua maioria, têm causas alheias à nossa vontade. O rancor, no entanto, sobrevive do alimento que fornecemos a ele e que pode nos levar rapidamente a uma perda de controle nos tornando cada vez mais amargos em relação a vida (Gn 27.45 até que se desvie de ti a ira de teu irmão, e se esqueça do que lhe fizeste. Então, enviarei e te farei vir de lá. Por que seria eu desfilhada também de vós ambos num mesmo dia?).
Por se tratar de algo que nem sempre podemos controlar, o rancor acaba por se tornar mais perigoso, pois o ser humano, através de sua natureza pecaminosa, tende a nutrir sentimentos negativos, muitas vezes não valorizando um ato de reconciliação. A reconciliação será a melhor atitude pra se começar a controlar este sentimento.

1.2. Rancor enfermidade devastadora
Podemos dizer que o rancor é produzido e começa a se desenvolver de maneira oculta o que faz dele uma enfermidade tremendamente grave e devastadora. O rancor funciona como outras enfermidades somáticas que só se apresentam quando se encontram em estágio avançado. Tais doenças recebem uma atenção maior da comunidade médica que orienta os indivíduos a buscar um diagnóstico precoce para uma maior possibilidade de cura. Da mesma forma, rancor deve ser identificado ainda em seu início, desse modo, fica mais fácil de ser debelado. Ao percebermos algum sintoma relacionado com o rancor, temos de partir imediatamente em busca da solução (Lv 19.18 Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR.). O rancor começa devastando a alma e é externado pelos atos cometidos pelo rancoroso. Embora seja desenvolvido em sua maioria por um motivo específico, acaba por se tomar agressivo também em situações que não envolvem o motivo principal (Mc 6.18-19 Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão. E Herodias o espiava e queria matá-lo, mas não podia;).
Ao identificar uma mudança de hábito em relação a alguém ou a alguma coisa específica, deve o indivíduo buscar a cura, pois, se não o fizer, poderá ferir pessoas que não têm relação com as situações que o levaram a essa condição.

1.3. O rancor também ocorre por causa do ressentimento
Uma das maneiras mais simples do rancor se desenvolver é através de algo chamado ressentimento que é identificado, entre outros aspectos, como lembrança magoada de ofensa recebida. Ficar se remoendo por coisas ocorridas no passado não pode ser algo produtivo, pois o passado não poderá ser alterado, daí cabe ao indivíduo buscar esquecer o ocorrido para ver-se livre de tal ressentimento que poderá culminar na enfermidade (Fp 3.13 Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim,).
O ressentimento não permite que o indivíduo esqueça de fatos ocorridos, isso irá produzir uma lembrança constante de fatos remanescentes, tais lembranças são, em sua maioria, responsável pelo crescimento da doença. Exemplifique com o caso de Herodias que nutria rancor e ressentimento contra João Batista (Mc 6.22-27).

OBJETIVO
 Mostrar como se desenvolve o rancor;

2. O rancor contra um irmão
O texto retratado no capítulo quinze do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo nos escreveu Lucas, mostra-nos Jesus, apresentando aos fariseus e aos escribas uma parábola acerca do filho pródigo. No entanto não estaremos aqui observando a pessoa do filho mal agradecido que não reconheceu a importância da convivência de uma vida em companhia dos seus, mas antes preferiu levar uma vida dissoluta tomando para si aquilo que considerava pertencer a ele (Lc 15.12 E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.). Levaremos em conta o comportamento e as atitudes dos outros envolvidos na história. A figura do pai perdoador nos mostra que é possível ter um coração longânimo e saber perdoar, mesmo as maiores ofensas. Já a pessoa do irmão mais velho nos serve de advertência para não permitimos que um sentimento negativo contamine nossos corações facilitando assim, o surgimento do rancor.

2.1. Os principais envolvidos da parábola
Na parábola do filho pródigo; Jesus apresenta três personagens importantes o pai, o filho mais jovem chamado pródigo, e seu irmão mais velho. Nesta história, são retratados um ofensor e dois ofendidos. Podemos observar em seu desfecho, Cristo, deixando claro que um dos ofendidos não cultivou nenhum tipo de rancor em relação ao que lhe foi feito, enquanto o outro, não se permitiu esquecer tal fato: o pai dos dois rapazes mantivera a sua atitude de amor em relação ao filho ingrato, já o seu filho mais velho não disfarçara o ressentimento em relação à atitude do seu irmão.
Na maioria das vezes, o rancor acontece desta maneira promovendo uma antipatia que pode parecer gratuita, mas que é provocada por um fato atrelado a ela ocorrido há algum tempo.

2.2. A atitude do pai
Vemos que, quando o pai se depara com o filho mais moço retornando para casa, moveu-se de íntima compaixão (Lc 15. 20 E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou.). A atitude dele foi o reflexo do que cultivou ao longo do tempo que se manteve afastado do filho, talvez em alguns momentos, tenha pensado. Por onde andará meu filho querido? Que caminho tem trilhado? Como estará a sua vida? E essa preocupação com certeza foi responsável para que o pai não nutrisse rancor pelo filho. Certamente o pai, mesmo com saudade e preocupado, viveu este período mais tranquilo e em paz, pois não guardou nenhum tipo de sentimento negativo em relação ao que foi praticado pelo jovem rapaz.
Podemos observar que, ao retornar para casa, o jovem cultivava em seu íntimo uma certeza de que seria bem recebido. Embora o filho tivesse decepcionado o pai, este não se decepcionou com a atitude do filho. Explique ao aluno que a atitude do Pai, demonstra que o perdão é uma atitude positiva em relação a ofensa; ao contrário do rancor que é uma atitude negativa em relação ao ofensor.

2.3. A atitude do irmão
Ao ver a grande festa oferecida pelo pai a seu irmão mais novo, não escondeu a sua indignação e mostrou a face oculta do rancor alimentado por todo tempo pelo qual o irmão se manteve afastado (Lc 15.28 e 30). Talvez em alguns momentos tenha pensado: O que será que aquele ingrato anda fazendo? Enquanto estou aqui me matando de trabalhar deve estar na esbórnia. Sentimentos como estes são responsáveis por fazer desenvolver um ódio inveterado que é identificado como rancor. Podemos observar, em suas possíveis palavras, a tamanha amargura que o consumia e que não o permitia perdoar. Ao contrário do pai que demonstrou amor incondicional ele mostrou uma ira secreta guardada durante todo tempo o qual o irmão esteve fora.
Vimos que a ira secreta também é identificada pelo dicionário Michaelis como rancor. O tratamento terapêutico poderá auxiliar nestes casos, à medida que o indivíduo leva ao espaço da terapia seus mais profundos sentimentos e ressentimentos.

OBJETIVO
 Apontar o caminho para a cura.

3. Um sentimento perigoso
O rancor é um sentimento perigoso, que afeta, não só o ofensor, mas também o ofendido, que se permite atingir por ele (Hb 12.15 tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.). Não permitir o crescimento de sentimentos negativos é uma forma de eliminar o rancor, e alimentá-lo só irá contribuir para perdas em seus relacionamentos interpessoais.

3.1. Esquecer a ofensa destrói o rancor
O profeta Miquéias, no capítulo sete, mostra-nos como Deus age em relação às ofensas sofridas da parte do homem. Embora perceba que o homem, em muitas situações, trai a Ele lhe virando as costas, o Pai está sempre disposto a perdoar esquecendo totalmente a ofensa. O rancor não cabe no coração de Deus, logo não deve também caber em um coração onde Ele habita.
O rancor leva impureza ao coração, pois produz algo conhecido como malquerer; desta forma, como poderá habitar o Espírito Santo em tal coração? Se quisermos ter vidas controladas pelo Espírito, devemos aprender com o Senhor, como lidar com as ofensas sofridas ao longo delas.

3.2. Atitude divina, o exemplo a ser seguido
No vocabulário cristão evangélico, deparamo-nos com uma expressão idiomática muito usada por todos “o Senhor lançou os nossos pecados no mar do esquecimento” é fato que, na Bíblia, não encontraremos tal expressão, mas podemos usá-la como receita divina para cura do rancor. Dois textos sagrados nos ajudam a entender esta maneira de se referir ao perdão de Deus: Mq 7.19 diz que o Senhor lançará no mar todos os nossos pecados e Is 43.2 nos mostra o Senhor, afirmando que, dos nossos pecados, não mais se lembrará. Agir dessa maneira irá ajudar, e muito, na cura desse mal que hoje afeta uma grande parcela da humanidade, inclusive em nossas igrejas.
Ao identificarmos pessoas que possam estar sofrendo deste mal em nossas igrejas, devemos imediatamente interferir com palestras, seminários e cursos que tratem do assunto, usando profissionais preparados com conhecimento científico e teológico, pois sendo uma doença da alma age nas emoções podendo atingir diretamente a vida espiritual do indivíduo.

3.3. Rancor, uma ferramenta nas mãos do inimigo
É importante ressaltar o cuidado que devemos tomar com este sentimento, pois ele poderá se tornar uma arma poderosa nas mãos do inimigo, visto que pessoas rancorosas normalmente são capazes de fazer coisas assustadoras para se vingar daqueles que, pensam, tê-las ofendido (Pv 18.19 O irmão ofendido é mais difícil de conquistar do que uma cidade forte; e as contendas são como ferrolhos de um palácio.). O rancor deverá ser eliminado sempre que exercitarmos o perdão, pois é nele que conseguimos, não só a cura para o rancor, como também sairmos vitoriosos contra mais uma tentativa de Satanás para destruir a Igreja. No início da história do povo judeu, o diabo tentou usar esta arma através de Esaú, no entanto Jeová providenciou para que o coração dele fosse quebrantado e o mesmo não feriu a Jacó. Gn 34.4 apresenta Esaú com o coração quebrantado por Deus beijando a seu irmão, isso nos mostra que o rancor derrotado pode evitar, até mesmo, grandes tragédias.
A oração de Jacó (Gn 32.24) fez com que o Anjo do Senhor viesse até ele. Em sua peleja, Jacó experimentou o poder de Jeová, no entanto ganhou uma marca que o faria lembrar pelo resto de sua vida a ofensa que tinha cometido contra Jeová e a Esaú, pois, ao aceitar a ideia de sua mãe em fazê-lo se passar por seu irmão, não confiou em Deus nem esperou o tempo do Todo Poderoso. Jeová não só lhe perdoou como retirou qualquer vestígio de rancor do coração de Esaú.

Conclusão
O remédio contra o rancor é o perdão e o combustível do perdão é o amor e o amor é a essência do Evangelho (Jo 3.16). Então, já que fazemos parte do povo escolhido, devemos em todo tempo amar a todos. O próprio Cristo nos ensinou que devemos amar aos nossos inimigos (Mt 5.44), sendo assim, vamos fazer o possível para apagar de nossos corações toda e qualquer raiz de amargura que possa permitir brotar em nossa alma esta enfermidade terrível.

QUESTIONÁRIO

1. O que nos faz crer que rancor é uma enfermidade?
R. Porque causa dor.
2. Como se desenvolve o rancor?
R. De maneira oculta.
3. O que sentiu o pai do filho pródigo quando o viu?
R. Compaixão (Lc 15.20).
4. Por que o rancor não deve existir no coração do cristão?
R. Porque ele não cabe no coração de Deus.
5. Por que devemos tomar cuidado com o rancor?
R. Porque é uma arma perigosa nas mãos do inimigo.

REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 2º Trimestre de 2014, ano 24 nº 91 – Jovens e Adultos - “Dominical” Professor – ENFERMIDADES DA ALMA Identificando os distúrbios emocionais e confrontando-os com soluções divinas e bíblicas.